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Epidemiologia da Endocardite

Novos velhos vilões?

Quando estudamos a endocardite infecciosa algumas situações têm que ficar bem claras para que possamos dar a devida atenção a essa patologia. Embora seja rara, apresenta elevadíssima taxa de morbimortalidade trazendo um impacto, muitas vezes devastador sobre o paciente.

Desde muito tempo, descobrir e isolar o agente causador da endocardite é considerado pedra angular no tratamento e o streptococus figurava como o principal responsável por esse domínio.

Em casos de intervenção prévia ou mesmo de pacientes institucionalizados, o estafilococus passa a ter seu papel de preponderância, mas algumas coisas vêm mudando nessa casuística.

Estafilococos coagulase negativos são bactérias que normalmente habitam a pele dos indivíduos e apresentam baixa virulência e resistência.

Em casos, principalmente de pacientes portadores de próteses ou outros dispositivos, a incidência dessa etiologia vem aumentando ano após ano e se apresentando com taxas de desfechos negativos semelhantes aos demais estafilococos.

Tanto é que desde 2023 essa bactéria passou a figurar na lista de agentes típicos de endocardite infecciosa segundo os guidelines.

Vale ressaltar que, mesmo tendo uma baixa prevalência nos casos de valvas nativas, olhando retrospectivamente nos últimos 15 anos, a incidência também vem aumentando nos indicando que esse microorganismo típico da microbiota normal possa estar se tornando um grande vilão nesse contexto.

Assim, estamos diante de um desafio diagnóstico de uma patologia com elevada agressividade em que o tempo até se iniciar uma terapêutica adequada conta. Contaminações em coletas de amostras ou colonização de dispositivos são comuns com estafilococos coagulase negativos, mas será que agora poderíamos ligar um sinal de alerta em caso de encontrarmos essa bactéria isolada nas amostras?

Infecção de corrente sanguínea por estafilococos coagulase negativa é um grande preditor de endocardite por essa bactéria e talvez essa seja a razão para pararmos de normalizar essas possíveis contaminações e passarmos a investigar mais fortemente em casos de laudos que apontem essas bactérias.

Certamente, diante dos desfechos na maioria das vezes trágicos, em casos de mera suspeita de endocardite, o processo de investigação deveria ser iniciado, claro, evitando iatrogenias e valorizando os exames de baixo custo e baixa invasividade, mas aparentemente uma amostra com estafilococo coagulase negativa não é mais tão ingênuo assim…

Literatura Sugerida: 

1 – Chesdachai S, DeSimone DC, Baddour LM. CoN(S) Nuevas Perspectivas: Insights Into Coagulase-Negative Staphylococcal Infective Endocarditis. J Am Coll Cardiol. 2025 Feb 4;85(4):319-321.

 

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