Recentemente, com o envelhecimento populacional e com a melhoria dos métodos de imagem no rastreio das doenças estruturais do coração, uma nova patologia passou a ser descrita com maior frequência nos laudos dos exames de imagem, o Mitral Annular Calcification (MAC).

Um processo degenerativo que acomete o anel da valva mitral, sendo um marcador de gravidade de doença cardiovascular e mais, uma patologia específica podendo a levar à disfunção valvar mitral, com insuficiência ou estenose.

Como normalmente é encontrada em pacientes idosos e com diversas comorbidades levando a um risco cirúrgico elevado, houve o desenvolvimento da abordagem menos invasiva com o implante de um Valve-in-MAC.

Inicialmente, um procedimento quase que de resgate e uso compassivo, passou a ser considerado no arsenal terapêutico desses indivíduos e assim, iniciou-se uma melhor estratificação para buscar melhores resultados.

Assim o primeiro passo seria buscar uma classificação que estimasse o risco de embolização da prótese a ser implantada. Levando em consideração dados como envolvimento do anel, a intensidade dessa calcificação, acometimento dos folhetos e dos trígonos, foi construído um escore muito interessante.

Aparentemente, alguns aspectos anatômicos são importantes para evitar uma embolização do dispositivo como calcificação da base do anel, envolvimento de A2-P2 e trígonos.

Quanto maior a calcificação nesses pontos, mais estável seria a ancoragem. De forma global, o escore mostra que pontuações acima de 7, trariam menor risco desse evento e abaixo de 6, contraindicariam a intervenção transcateter e outras alternativas de abordagem menos invasiva deveriam ser buscadas.

Ainda são referidas determinadas técnicas de implante para aqueles casos com escores mais borderlines, como implante mais ventricular (80-20%) e uso de 1-3mL a mais numa pós-dilatação com a ideia de expandir mais pronunciadamente a extremidade distal da prótese evitando sua embolização.

Lembrando que a embolização é apenas umas das complicações desse procedimento e esse escore não tem poder para prever outras complicações não menos graves, devendo o paciente passar por adequado screening e discussão em Heart Team.