Exame Físico das Valvopatias

Endocardite Infecciosa – Parte 1

O exame físico de um paciente com endocardite infecciosa é extremamente variável, por se tratar de patologia com diversas possibilidades evolutivas e ser rica em manifestações clínicas.

Por ser uma síndrome febril, diversos sinais semiológicos apresentam baixa especificidade para o acometimento valvar, mas está presente na quase totalidade dos casos. Duas manifestações são praticamente universais, incluindo a febre e o surgimento de um sopro. Apenas em pacientes muito debilitados é que podemos não encontrar quadros febris e sopros podem ser imperceptíveis nos acometimentos da valva tricúspide.

O examinador deve estar muito atento às manifestações periféricas e não se concentrar apenas no exame do precórdio, embora elas estejam sendo cada vez menos vistas, pois são características de quadros arrastados e com diagnóstico demorado.

Examinando o precórdio, como dito anteriormente, a presença de sopro é um achado frequente. A endocardite é um processo infeccioso que tem como lesão fundamental a vegetação. Áreas de lesão endotelial são propensas a aglutinação de plaquetas e fibrina, formando um trombo localizado. Na presença de uma bacteremia, bactérias podem se aderir a esse aglomerado plaquetário e originar a vegetação.

Assim, para o desenvolvimento de uma endocardite, é necessária alguma lesão endotelial. Uma das principais causas dessa lesão é o fluxo turbilhonado e acelerado de sangue, comum nas valvopatias. Dessa forma, a presença de um sopro, que é a leitura sonora dessa aceleração de fluxo turbilhonado é tão frequente.

Outro ponto que leva a formação de um sopro, é que, diante de uma infecção valvar, a mesma se torna disfuncionante, seja por abertura inadequada gerando uma estenose, seja por incompetência em seu fechamento, por exemplo por uma perfuração infecciosa de folheto, gerando uma insuficiência. De uma forma ou outra, haverá fluxo acelerado turbilhonado gerando achados auscultatórios.