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Fenótipos de EAo Moderada

Multiverso da Valvopatia…

O entendimento progressivo da cardiopatia estrutural nos faz compreender detalhes da história natural de diversas valvopatias que antes eram, ou desconhecidas, ou negligenciadas.

A estenose aórtica é um desses pontos mais estudados e tem nos trazido uma série de informações que nos fazem pensar se a intervenção deveria se limitar ao que hoje aplicamos segundo as diretrizes.

O espectro de estenose aórtica moderada não deve ser lido como um grupo de pacientes homogêneos, muito pelo contrário. Ao vermos diversas publicações sobre esse tipo de coorte, vemos sempre detalhes que secularizam o grupo estudado por alguma peculiaridade.

Uma das primeiras discussões sobre uma possível intervenção valvar aórtica em estenose aórtica moderada levar benefício na curva de mortalidade tinha o contexto de queda na fração de ejeção, o que trazia uma série de discussões voltadas para a miocardiopatia em si.

Diante dessa situação, algumas manifestações fenotípicas de estenose aórtica moderada têm sido elencadas para tentarmos entender se, de fato, uma intervenção nesse grupo possa ter algum benefício.

Uma publicação interessante levantou a possibilidade de 4 tipos de estenose aórtica moderada, separadas pelas seguintes características: Presença de importante calcificação aórtica, baixo fluxo transvalvar, alta densidade de comorbidades e baixa densidade de comorbidades.

Aparentemente, dois desses fenótipos apresentaram boa resposta em caso de intervenção, o de alta densidade de comorbidades e o de elevada calcificação, embora apenas esse último tenha se mantido assim depois de diversas correções estatísticas.

Essa é uma avaliação diferente do que Genereux nos trouxe apontando para graus de repercussão hemodinâmica e traria uma avaliação mais ampla da complexidade da doença valvar.

Alguns pontos merecem destaque na discussão. O grupo de pacientes com maior calcificação parece ter experimentado esse benefício quando analisada a variável mortalidade, mas não foi visto benefício em descompensação de uma insuficiência cardíaca.

Observando a coorte toda, a maior responsável pela mortalidade acabou sendo a disfunção sistólica culminando em desfechos como insuficiência cardíaca e até mesmo morte súbita, o que resgata a ideia de que essa associação com estenose moderada talvez fale mais do miocárdio do que da valvopatia em si.

Fato é que esse tipo de avaliação traz luz novamente a uma máxima dentro da abordagem de pacientes graves como os portadores de cardiopatia estrutural complexa: a avaliação deve ser individualizada, multiparamétrica e levar em consideração diversas linhas de raciocínio fisiopatológico, sendo extremamente difícil termos um arquétipo único para entendermos como essas patologias se comportam e qual seria o melhor caminho a ser seguido.

Literatura Sugerida: 

1 – Sen J, Wahi S, Vollbon W, Prior M, de Sá AGC, Ascher DB, Huynh Q, Marwick TH. Definition and Validation of Prognostic Phenotypes in Moderate Aortic Stenosis. JACC Cardiovasc Imaging. 2025 Feb;18(2):133-149.

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