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Metabolismo Celular na Estenose Aórtica

Muito a aprender…

Entender os comportamentos fisiopatológicos das doenças cardiovasculares é fundamental para saber conduzir, desde as possibilidades diagnósticas até a melhor alternativa para intervenção.

No entanto, nem todas as cardiopatias estão com todos os aspectos desvendados e ainda temos uma série de dúvidas sobre o comportamento desses casos.

Quando observamos pacientes com estenose aórtica, a história natural da doença nos mostra que o gradiente transvalvar vai se elevando à medida que a área valvar se reduz e isso pode levar a uma sobrecarga pressórica no ventrículo esquerdo. Diante desse estímulo, inicia-se um mecanismo adaptativo de hipertrofia concêntrica que em fases avançadas pode se deteriorar culminando com queda na fração de ejeção, uma das formas que usamos para medir a função sistólica ventricular.

Mas por quais razões alguns pacientes apresentam essa evolução e outros não, mesmo tendo as mesmas configurações hemodinâmicas da valva aórtica estenosada?

Ainda não temos essa informação clara, mas os métodos diagnósticos caminham para tentar compreender melhor essa situação. Do ponto de vista macroscópico, anatomicamente a ecocardiografia consegue de forma mais precoce identificar alterações no poder contrátil através do strain miocárdico. Nesse contexto há a observação de componentes do movimento sistólico que compõe toda a sístole ventricular e pode assinalar aqueles que tenham maior risco de apresentar queda na fração de ejeção.

Uma outra forma de tentar entender esse mecanismo é observar o metabolismo celular propriamente dito. Afinal de contas, antes mesmo de todo o músculo cardíaco apresentar disfunção, alterações celulares individuais devem ocorrer para que o processo seja inciado.

Nesse contexto a avaliação da capacidade máxima de creatinofosfoquinase celular, bem como seu fluxo poderiam assinalar dados sobre o metabolismo celular. Mesmo sendo uma avaliação não usual na propedêutica diária, uma publicação interessante trouxe a avaliação através da ressonância, ecocardiografia e até mesmo biópsia miocárdica para avaliar essas variáveis.

Foi demonstrado que na presença de uma estenose aórtica importante, a atividade média da creatifosfoquinase é menor e ainda menores naqueles que apresentam queda na fração de ejeção. Também ocorre uma maior concentração de uma isoforma dessa CK, a CK-MM e CK-BB, com determinada reorganização estrutural celular.

Apesar da queda da atividade da CK, seu fluxo não conseguiu diferenciar os pacientes com queda na função sistólica, mas alterações desses parâmetros já eram vistos em pacientes com estenose aórtica moderada, mais uma vez apontando para a malignidade dessa condição hemodinâmica valvar.

Entender essas variáveis é interessante, visto que uma série de parâmetros sobre trabalho miocárdico tem sido desenvolvidos e aplicados na prática diária, mas ainda são conceitos complexos e que difusamente necessitam de determinada padronização para serem aplicados.

Diante desses achados, ainda não conseguimos entender claramente o que faz determinados indivíduos evoluírem de formas tão distintas, mas sem sombra de dúvidas abre um novo horizonte de pesquisa e investigação para o desenvolvimento de métodos diagnósticos que possam avaliar aspectos sobre metabologia celular que irão agregar sensibilidade e especificidade aos métodos disponíveis atualmente. O futuro vai nos trazer dados extremamente valiosos.

Literatura Sugerida: 

1 – Peterzan MA, Clarke WT, Lygate CA, et al. Cardiac Energetics in Patients With Aortic Stenosis and Preserved Versus Reduced Ejection Fraction. Circulation. 2020 Jun 16;141(24):1971-1985.

 

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