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Metabolismo energético na estenose aórtica

Metabolismo energético na estenose aórtica

Fração de ejeção preservada e reduzida

A Fração de Ejeção reduzida (FEr) em pacientes com Estenose Aórtica (EAo) está relacionada à maiores taxas de mortalidade e risco operatório, independentemente dos sintomas. Os mecanismos de susceptibilidade ao desenvolvimento de FEr na EAo ainda permanecem incertos, não sendo possível predizer o subgrupo de pacientes com EAo que irão desenvolver tal fenótipo clínico.

Partindo do pressuposto que a contratilidade miocárdica está diretamente relacionada à reserva metabólica (representada indiretamente pela via metabólica da enzima Creatina Kinase – CK), Peterzan e colaboradores avaliaram a hipótese de que a queda do fluxo da CK está associada à disfunção ventricular em pacientes com EAo grave. Estudaram-se os seguintes parâmetros: a quantidade e a atividade da CK, a capacidade oxidativa mitocondrial e a distância de difusão do ATP em tecido cardíaco biopsiado de cinco grupos de pacientes. 

Assim, a hipótese alternativa do estudo era de que haveria uma redução do acoplamento metabólico e, consequentemente, da função contrátil em pacientes com EA grave com FE < 55% (SevAS-rEF), em comparação aos demais grupos (EA grave FE ≥ 55% (SevAS-pEF), EA moderada com FE ≥ 55% (ModAS), pacientes sem alteração pressórica e com função sistólica normal (FSN) submetidos à cirurgia cardíaca (NHBx) e, por fim, voluntários hígidos (NHv)).

Nos grupos com sobrecarga pressórica (SevAS-rEF, SevAS-pEF e ModAS) foi detectado menor razão fosfocreatina/ATP (PCr/ATP) e menor fluxo de CK, sendo que o grupo com FE reduzida teve os menores valores de mediana. Da mesma forma, a atividade total da CK também foi menor no grupo de estenose importante e queda na fração de ejeção e, uma vez que CK está direta e intimamente relacionada com a capacidade oxidativa mitocondrial e o pool de AMP e ADP, também se demonstrou que nesses pacientes o metabolismo energético aeróbico está comprometido. Dessa forma, a queda da reserva energética cardíaca implica na redução do trabalho cardíaco, sendo tal alteração presente nos estágios ainda moderados de estenose aórtica. Entretanto, salienta-se que apenas a redução do fluxo da CK isoladamente não é um fator suficiente para justificar a disfunção ventricular. 

Paralelamente, evidenciou-se que a distância de difusão do ATP da mitocôndria ao sarcômero está reduzida no subgrupo com insuficiência cardíaca em comparação aos demais subgrupos, o que sugere um mecanismo compensatório diante da baixa atividade da CK. Apesar de ter demonstrado que há importante reorganização estrutural dos miócitos, as implicações clínicas desse fenômeno ainda permanecem incertas.

Em que se pesem as limitações técnicas e metodológicas do estudo, diante desses resultados, abre-se espaço para a discussão de novas estratégias terapêuticas, como a terapia molecular, com o objetivo de atrasar o desenvolvimento de insuficiência cardíaca nos pacientes com estenose aórtica. 

Literatura Sugerida: 

1- Peterzan MA, Clarke WT, Lygate CA, Lake HA, Lau JYC, Miller JJ, Johnson E, Rayner JJ, Hundertmark MJ, Sayeed R, Petrou M, Krasopoulos G, Srivastava V, Neubauer S, Rodgers CT, Rider OJ. Cardiac Energetics in Patients With Aortic Stenosis and Preserved Versus Reduced Ejection Fraction. Circulation. 2020 Jun 16;141(24):1971-1985.

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