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MitraClip na IM funcional

MitraClip na IM funcional

Nicho específico?

Especialmente após a publicação do EVEREST II, que completa 10 anos em 2021, existe crescente interesse da cardiopatia estrutural no tratamento percutâneo da insuficiência mitral. Os resultados conflitantes entre os estudos COAPT e Mitra-FR são até hoje pauta forte de discussão entre especialistas. 

Deve-se ter atenção ao seguimento a longo-prazo destes pacientes, visto o prognóstico limitado inerente à doença de base: insuficiência cardíaca refratária a medicação otimizada, incluindo a ressincronização. 

Os recém-publicados resultados de 3 anos de seguimento do COAPT ratificaram o benefício do MitraClip na redução de mortalidade e taxa de rehospitalização por descompensação da insuficiência cardíaca, melhor qualidade de vida e capacidade funcional, quando se comparou à evolução dos pacientes mantidos em tratamento clínico. 

Pela permissão de cross-over pré-especificado neste estudo, ao término de 2 anos, 58 pacientes inicialmente tratados clinicamente também implantaram o dispositivo e, da mesma forma, apresentaram melhor prognóstico do que o grupo clínico. Entretanto, vale ressaltar que esses pacientes apresentavam quadros de insuficiência cardíaca menos grave, com menos pacientes em classe funcional IV e menores níveis BNP. 

Além disso, muitos pacientes do grupo clínico morreram antes de completar 2 anos de seguimento, o que os impediu da possibilidade de implante posterior do MitraClip, embora tenha sido empregada análise de mortalidade tempo-dependente na tentativa de reduzir este viés.

Sem dúvidas, o prognóstico da população estudada no COAPT é limitado, com 45% de mortalidade em 3 anos, fazendo com que o principal benefício do MitraClip tenha sido na redução de rehospitalizações por insuficiência cardíaca e melhora da qualidade de vida. 

Ainda assim, chama a atenção a magnitude do efeito terapêutico: é necessário tratar 4 pacientes para prevenir uma morte ou hospitalização por descompensação, mesmo na análise por intenção de tratar, em que poderíamos ter uma diluição deste benefício por conta do cross-over. 

Na certa, o seguimento de 3 anos do COAPT estimula entusiastas do tratamento percutâneo a analisar adequadamente o perfil dos pacientes com insuficiência mitral funcional, a fim de indicar terapias àqueles que terão o maior benefício, e possibilitar um melhor prognóstico a esta população indubitavelmente grave. 

Aguardamos ansiosos publicações com seguimento ainda mais longo do COAPT e estudos com outros dispositivos, como PASCAL, sabidamente já em andamento.

Literatura Sugerida: 

1 – Mack MJ, Lindenfeld J, Abraham WT et al; COAPT Investigators. 3-Year Outcomes of Transcatheter Mitral Valve Repair in Patients With Heart Failure. J Am Coll Cardiol. 2021 Mar 2;77(8):1029-1040.

2 – Depta JP, Bhatt DL. Crossover in COAPT: Does This Extend the Reach of TMVr for Treating Functional MR? J Am Coll Cardiol. 2021 Mar 2;77(8):1041-1043.

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