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Diagnóstico da Doença Cardíaca Reumática

Utilizando Métodos de Imagem Multimodalidade

A Doença Cardíaca Reumática (DCR) é uma complicação da Febre Reumática Aguda (FRA), adquirida após episódios recorrentes de infecção que afeta cerca de 19 milhões de pessoas no mundo, acarretando 230.000 mortes por ano, principalmente nos países de média e baixa renda. Apesar do diagnóstico ser clínico, o avanço tecnológico ampliou o arsenal dos exames complementares e trouxe grande relevância aos exames de imagem, por ajudarem no diagnóstico, planejamento de procedimentos e monitoramento da evolução desses pacientes.

Avaliando possíveis métodos diagnóstico multimodalidade, o ecodopplercardiograma (ECO) figura-se como exame de primeira escolha para avaliação inicial e diagnóstico de valvopatias. O ECO é oportuno na identificação precoce de lesões nas valvas e em seus componentes (número e espessura das cúspides; cordas tendíneas e músculos papilares), o que a torna importante ferramenta para tomada de decisões e no planejamento cirúrgico.

O ECO permite a classificação da regurgitação mitral avaliando a severidade e o grau de acometimento de acordo com o volume regurgitante e/ou pela classificação de Carpentier sendo que uma melhor qualidade de imagem e avaliação da regurgitação na valva mitral são obtidas quando feita por via transesofágica. Para a análise de estenose da valva mitral o ECO pela via transtorácica se destaca como primeira escolha permitindo quantificar a gravidade e determinar o momento ideal para intervenção por meio da análise da cicatrização e espessamento das cúspides, aumento do AE e aumento do gradiente de pressão médio através do orifício mitral. Este método de imagem também se sobressai na avaliação da gravidade da estenose aórtica classificando-a de forma mais fidedigna com base na velocidade, gradiente de pressão máxima.

Em casos de regurgitação aórtica o ECO continua sendo usada como base de avaliação, porém a ressonância magnética cardiovascular (RM) e a Tomografia Computadorizada Cardíaca (TC) estão se evidenciando como exames complementares por fornecer mais detalhadamente informações adicionais sobre a função valvar, estrutura e anatomia das artérias coronárias e da aorta torácica ascendente. A RM fornece informações mais precisas sobre o fluxo e a velocidade sendo comumente usada em casos de pacientes assintomáticos com Estenose Aórtica grave, por meio dela avalia-se a redução da Fração de Ejeção do VE antes do encaminhamento para cirurgia operando como um importante quantificador de desfechos hemodinâmicos proporcionados pelas valvopatias. As diretrizes da AHA/ACC recomendam ainda, o uso da RM para a avaliação da gravidade da Regurgitação Mitral quando o ECO transtorácico é limitado ou inconclusivo.

O Cateterismo Cardíaco (CATE) por ser uma modalidade de exame invasivo, é recomendado apenas para pacientes sintomáticos quando os exames não invasivos citados acima não são conclusivos ou em caso de discordância entre os achados clínicos e ecocardiográficos. O CATE também pode ser utilizado para estabelecer a gravidade da regurgitação mitral. Quando feito do lado direito estima a pressão capilar pulmonar e a pressão da artéria pulmonar.

Por fim, a cinefluoroscopia pode ser realizada de maneira rápida e em pacientes instáveis com válvulas mecânicas, pois permite a visualização direta dos discos, além da abertura e ângulos de fechamento de válvulas de duplo folheto. Utilizada como complementação ao ECO nos casos de obstrução valvar protética e movimentação anormal da válvula com capacidade para detectar com melhor precisão a deiscência e o movimento de uma prótese valvar. A Tabela abaixo sintetiza as informações citadas ao longo do texto considerando as vantagens e desvantagens e as peculiaridades de cada método de imagem de forma a guiar seu uso na aplicabilidade clínica.

Os exames de imagem são de suma importância para a complementação diagnóstica, planejamento de procedimentos e monitoramento dos resultados de pacientes com Doença Cardíaca Reumática. Embora alguns deles sejam de alto custo, grande parte desses exames já estão disponíveis e vêm se tornando cada vez mais acessíveis, principalmente em países desenvolvidos. A utilização dessas ferramentas permite melhorar a acurácia do diagnóstico da DCR, bem como possibilita a intervenção precoce ao detectar lesões iniciais da doença.

Apontamentos:
– O ECO se mantém como exame de primeira linha na avaliação do comprometimento cardíaco pela DCR permitindo a classificação da severidade e o grau de acometimento da valva mitral e aórtica (em casos de regurgitação ou estenose) podendo ser feito via transesofágica ou transtorácica de acordo com a indicação.

– A RM fornece informações mais precisas sobre o fluxo e velocidade sendo recomendada pelas diretrizes da AHA/ACC quando o ECO é limitado ou inconclusivo

– A utilização de métodos de imagem é uma ferramenta importante que permite uma melhor acurácia do diagnóstico da DCR, bem como possibilita a intervenção precoce ao detectar lesões iniciais da doença.

Literatura Sugerida: 

1 – Aremu OO, Samuels P, Jermy S, Lumngwena EN, Mutithu D, Cupido BJ, Skatulla S, Ntusi NAB. Cardiovascular imaging modalities in the diagnosis and management of rheumatic heart disease. Int J Cardiol. 2021 Feb 15;325:176-185. doi: 10.1016/j.ijcard.2020.09.049. Epub 2020 Sep 25. PMID: 32980432.

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