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Regurgitação Mitral Isquêmica

Transplante de células

Durante um bom período recente da medicina, muito se falou entre os leigos das possibilidades das terapias gênicas e também de manipulações de tipos celulares que poderiam desempenhar determinadas funções diferenciadas.

Na cardiologia essa linha de pesquisa aparentemente ainda não evoluiu como deveria, ou ainda não trouxe impactos clínicos relevantes como podemos encontrar em outras áreas da medicina.

Recentemente um estudo passou a avaliar a evolução de transplantes de células miofibrilares precursoras de músculos esqueléticos implantadas em regiões do miocárdio.

Interessante ressaltar que miocardiopatia isquêmica é uma das principais causas de etiologia para regurgitação mitral funcional e o mecanismo basicamente se da pelo deslocamento da região infartada que causa uma desestruturação do aparato valvar mitral de forma assimétrica.

Como a região acometida evolui com morte celular e desorganização estrutural em meio a uma área de fibrose, o implante de possíveis células pluripotentes poderia corrigir essa estrutura novamente com o surgimento de células com potencial contrátil semelhante aos miócitos prévios.

Importante ressaltar que os casos em que houve implante dessas células, houve também melhora do grau da regurgitação por realinhamento comissural dos folhetos, ocasionado por melhor posicionamento da parede acometida pelo evento isquêmico.

As células retiradas da musculatura esquelética passaram a desempenhar o papel estrutural dos miócitos que haviam morrido por isquemia, melhorando as alterações regionais de mobilidade.

Uma leve melhora no grau e mobilidade da parede acometida já levou a uma melhora perceptível no aparato valvar.

Um ponto que ainda não pode ser comprovado é se esse implante de células seria capaz de exercer algum efeito a mais do que simplesmente estrutural de mobilidade na parede. Aparentemente ainda não parece desempenhar papel relevante tanto na melhora do poder sistólico ou mesmo entender como ocorre o rearranjo espacial local no meio da estrutura de colágeno anterior.

Também ainda é prematuro para entender se essa nova disposição poderia se desenvolver de alguma maneira desorganizada e gerar possibilidades arrítmicas preocupantes, mas um dos efeitos que seria o rearranjo macroscópico da parede apresentou em algum grau melhoria que impactou o aspecto tridimensional da valva mitral.

Embora ainda seja o início de uma linha de pesquisa promissora, muitas variáveis estão em jogo e o impacto clínico disso tudo está muito distante de ser estabelecido. Ainda que distante, podemos estar lidando com a vanguarda da medicina também na valvopatia…

Literatura Sugerida: 

1 – Messas E, Bel A, Morichetti MC, et al. Autologous myoblast transplantation for chronic ischemic mitral regurgitation. J Am Coll Cardiol. 2006 May 16;47(10):2086-93.

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