fbpx

Speckle-Tracking na Estenose Aórtica

Avaliando o Método

A estenose aórtica é caracterizada por contínua sobrecarga pressórica sob o ventrículo esquerdo por duas razões: obstrução valvar e redução da complacência sistêmica arterial. Em consequência observa-se progressivo remodelamento concêntrico do ventrículo esquerdo e mudança na reserva de fluxo coronariana.

Gradualmente o subendocárdico sofre processo constante de isquemia, culminando com fibrose e até mesmo disfunção sistólica. A fração de ejeção do VE (FEVE) é o método convencional para avaliar função sistólica, mas essa alteração somente é identificada em fases tardias da doença.

O surgimento do “speckle-tracking”, principalmente tridimensional, possibilitou a detecção precoce de disfunção sistólica, previamente a queda da FEVE, aumentando a sensibilidade do diagnóstico. Esse método leva em consideração 3 eixos rotacionais do strain: global longitudinal (SLG), circunferencial (SCG) e radial (SRG). 

Recentemente foi publicado um artigo interessante que buscou avaliar o impacto da pós carga na estenose aórtica importante, entre os métodos de strain bidimensionais e tridimensionais. A pós carga global do VE foi considerada a partir da impedância válvula-arterial, complacência e rigidez arterial total.

 

Os achados do método “speckle-tracking” demonstraram que o “strain” global e rotacional etavam reduzidos, enquanto os valores na rotação apical e pico sistólico estavam aumentados.

Os pacientes demonstraram disfunção sistólica subclínica através dos valores reduzidos de strain longitudinal e radial juntamente com aumentos concomitantes na circunferencial, rotação apical e pico de torção sistólica, que podem ser mecanismos compensatórios para manter a FEVE dentro limites normais. 

Através da avaliação por metodologia de “strain” observa-se que a isquemia subendocárdica primeiro causa disfunção longitudinal, acompanhado por acréscimo no “strain” circunferencial de maneira compensatória a fim de manter o “strain” radial normal e por conseguinte a FEVE. Eventualmente, na medida que a doença evolui observa-se redução no strain global circunferencial e queda na FEVE. 

Em pacientes com estenose aórtica degenerativa, a complacência arterial é frequentemente reduzida, contribuindo para aumento da pós-carga e diminuição da função do VE. Dessa maneira o VE é muitas vezes submetido a uma dupla pós-carga, referente a obstrução fixa da válvula e da complacência arterial sistêmica reduzida.

Finalmente, considerando pacientes com estenose aórtica severa, o strain longitudinal e radial estavam reduzidos e compensados pelo circunferencial, rotação basal e pico de torção sistólico de maneira a manter o débito cardíaco normal e FEVE. E é interessante ressaltar que esses achados foram passíveis de serem alcançados tanto no método bidimensional, quanto no tridimensional de speckle-tracking.

Literatura Sugerida: 

1 – Bi X, Yeung DF, Salah HM, et al. Dissecting myocardial mechanics in patients with severe aortic stenosis: 2-dimensional vs 3-dimensional-speckle tracking echocardiography. BMC Cardiovasc Disord. 2020 Jan 30;20(1):33.

Compartilhe esta postagem

Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie

As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.

Fechar