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Análises do COAPT

Bases econômicas…

Os resultados do COAPT Trial nos mostraram que, em determinados pacientes portadores de insuficiência mitral funcional, a correção transcateter teria impacto positivo na curva de sobrevida, alongando os anos vividos e, também, trazendo qualidade de vida a esses anos.

Diante desses resultados, houve um aumento considerável de indicações de implante de MitraClip nessas populações, mas sempre temos que buscar uma visão mais ampla em relação a esses procedimentos.

Nesse caso específico, sabemos dos custos de um procedimento desse tamanho e alguns autores se questionam se, financeiramente é viável essa intervenção nesse grupo de pacientes, mesmo apresentando os claros resultados de impacto em mortalidade.

É conhecido que os pacientes que apresentam insuficiência mitral funcional de grau avançado são frequentadores comuns nos atendimentos de urgência dos serviços de cardiologia e, muitas vezes, demandam internação hospitalar para compensação do quadro.

Obviamente essas visitas aos serviços de saúde agregam custos relevantes e causam impacto na organização de toda a cadeia do serviço.

Também é conhecido que, intervenções transcateter tem seu custo elevado, visto inclusive a rotineira dificuldade de negociação com operadoras de seguro de saúde e a indisponibilidade dessas técnicas no SUS.

Mas será que observando nos médio e longo prazos, a intervenção transcateter seria tão mais cara assim?

Avaliando os próprios pacientes selecionados no COAPT, viu-se que a intervenção com MitraClip reduziu o número de descompensação cardíaca nos dois anos de segmento, economizando uma média de 11 mil dólares por cada paciente.

No entanto, os custos iniciais do procedimento ainda colocam, no final de 2 anos, um balanço negativo de 35 mil dólares por paciente, mas alguns dados têm que ser entendidos melhor.

A intervenção com MitraClip nesses pacientes aumentou a expectativa de vida e trouxe melhor qualidade nessa evolução como já pontuamos e isso coloca frente a frente os seguintes custos finais de 2 anos: Os custos para melhoria de qualidade de vida totalizaram algo em torno de 55 mil dólares e para cada ano de vida aumentado, 40 mil dólares.

Para um observador inexperiente, esses valores podem parecer muito elevados, mas comparando com os valores dos tratamentos das cardiopatias nos Estados Unidos, os valores do implante de MitraClip nos pacientes com insuficiência mitral funcional estão abaixo da média geral, apontando para uma possível intervenção interessante na relação custo-benefício.

A título de comparação, dados do PARTNER 1, sobre o uso do TAVI em pacientes de alto risco ou inoperáveis, os custos para melhoria na qualidade de vida ficaram perto de 60 mil dólares, valores muito próximos do encontrado nessa evolução.

Valores de implante de CDI, ressincronização ventricular e assistência ventricular esquerda também se encontram ligeiramente mais caras do que o implante do MitraClip.

Vale ressaltar também que o custo médio em atendimento de saúde para pacientes cardiológicos acima dos 70 anos nos Estados Unidos está na casa dos 21 mil dólares/ano, mostrando que essa terapia não é tão fora da curva como se pode imaginar.

Se esses custos forem diluídos nos anos ganhos de sobrevida, a conta começa a ficar mais interessante para o sistema de saúde. Imaginando um ganho de 2 anos de sobrevida, teríamos um custo anual de 27 mil dólares, bem próximo da média norteamericana, de 21 mil dólares.

Diante da ideia de que sistemas assistenciais de saúde não fecham seus balanços de forma positiva, já que é função inerente oferecer tratamentos que tem seus custos, a proporção encontrada parece ser bem interessante quando levamos em conta anos ganhos e qualidade de vida.

Outro ponto é que esses dados são obtidos em pacientes de perfil do COAPT e que estão nos Estados Unidos, longe de extrapolarmos para o Brasil e em pacientes diferentes dos selecionados nesse importante Trial.

Literatura Sugerida: 

1 – Baron SJ, Wang K, Arnold SV, et al; COAPT Investigators. Cost-Effectiveness of Transcatheter Mitral Valve Repair Versus Medical Therapy in Patients With Heart Failure and Secondary Mitral Regurgitation: Results From the COAPT Trial. Circulation. 2019 Dec 3;140(23):1881-1891. 

 

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