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Aorta na Bicúspide

Aorta na Bicúspide

Dúvida frequente…

A valvopatia aórtica bivalvar ou como era denominada bicúspide é reconhecidamente correlacionada a doenças da artéria aorta, como dilatações e aneurismas e/ou coarctações. Também apresenta uma maior incidência de persistência de canal arterial, o que pode levar a determinadas repercussões locais na artéria aorta.

Indivíduos com valva aórtica bivalvar apresentam maior incidência de complicações graves como disseção de aorta que pode, inclusive, acometer o funcionamento dinâmico da valva aórtica.

De forma isolada, a intervenção cirúrgica por conta de uma aorta dilatada, ocorre apenas em valores acima de 55mm de diâmetro. Vale ressaltar que o exame de escolha para essa avaliação é a tomografia computadorizada de aorta total, visto que a ecocardiografia pode levar a erros de medida por cortes oblíquos não adequados, mesmo usando a ecocardiografia transesofágica.

No entanto, algumas situações podem levar ao clínico a indicar uma intervenção com medidas menores. Para indivíduos com diâmetro da aorta acima de 50mm, é necessária a presença de alguns fatores de risco como história familiar de dissecção de aorta ou taxa de crescimento acima de 5mm por ano. É necessário pontuar que o paciente deve ter baixo risco cirúrgico e a equipe de cirurgia ter alta expertise nesse procedimento.

Alguns serviços seguem outras publicações que trazem as medidas do diâmetro, porém indexadas para superfície corporal do indivíduo. Nesse caso, a medida limítrofe seria 2,5cm/m2. Ainda há referências de maior risco de dissecção com a relação da área seccional da aorta pela altura do indivíduo, com referência em 10cm2/m, mas são referências menos robustas para indicação adequada.

Agora, se já existe uma indicação de intervenção valvar, ou por estenose ou por insuficiência, os valores de abordagem na aorta ascendente são diferentes. Uma vez que já se assumiu o risco de uma abordagem e decidiu por uma esternotomia e circulação extracorpórea, valores acima de 45mm de diâmetro estimulam o cirurgião a uma abordagem conjunta de troca valvar e de aorta ascendente, como a cirurgia de Bentall de Bono.

De forma semelhante, na presença de uma valvopatia moderada, seja ela qual for e que tenha uma indicação clara de intervenção na artéria aorta, a abordagem conjunta é recomendada segundo as diretrizes vigentes.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores brasileiros desenvolveu uma prótese para implante transcateter que trocaria a valva aórtica e a aorta ascendente, mas ainda carecemos de maiores dados prospectivos para adotarmos na prática diária.

Dessa forma, ao avaliar um indivíduo com valva aórtica bivalvar, é mandatória a investigação de acometimento aórtico e, em caso positivo, saber abordar na hora certa para não termos eventos agudos graves, como a temida dissecção de aorta.

Literatura Sugerida: Hiratzka LF, Creager MA, Isselbacher EM, et al. Surgery for Aortic Dilatation in Patients With Bicuspid Aortic Valves: A Statement of Clarification From the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2016 Feb 16;67(6):724-731.

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