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Átrio esquerdo e Fisiologia

Tudo se conecta…

Os grandes entusiastas de cardiopatia estrutural que acompanham a plataforma há algum tempo, já devem ter se habituado a ouvir aqui que devemos sempre tentar elaborar uma linha de raciocínio fisiopatológico para que possamos pensar em hipóteses diagnósticas.

Claro que dentro desse conceito, temos o embasamento da fisiologia cardiovascular que deve ser respeitada como justificativa dos achados e evoluções que vemos.

Olhando agora o comportamento do átrio esquerdo diante de uma regurgitação mitral, podemos tentar entender determinados comportamentos evolutivos. Sabemos que a fibrilação atrial é uma complicação relativamente tardia de uma sobrecarga de volume atrial, no caso da insuficiência valvar.

No entanto as coisas são mais complexas do que habitualmente estávamos acostumados a pensa. O tamanho do átrio esquerdo tem sim correlação com esses desfechos, mas diante das novas tecnologias empregadas, como strain atrial e myocardial work, estamos entendendo que em casos de regurgitação funcional essas variáveis parecem estar mais correlacionadas do que simplesmente os diâmetros.

O papel principal do átrio esquerdo nessa patologia acaba sendo de amortecimento do grau de regurgitação demonstrando complacência para evitar que a elevação das pressões de enchimento atinja os capilares pulmonares.

Um ponto que torna ainda mais complexo esse raciocínio é o fato de que em pacientes acima de 70 anos, essa correlação se desfaz. A principal razão para isso é o desenvolvimento de algum grau de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, com elevação das pressões de enchimento por outras comorbidades associadas, fazendo uma eventual regurgitação mitral não ser a principal responsável por comprometer a função do átrio esquerdo.

Soma-se a tudo isso os novos conceitos de proporcionalidade de volume regurgitativo que são aplicados ao ventrículo, mas que poderiam ser lidos também em uma variante para o átrio esquerdo, mas esse conceito ainda não pode ser expandido dessa forma por pouca validação clínica.

O papel da função do átrio esquerdo e não apenas o seu tamanho, na estratificação de risco de pacientes com doença cardíaca valvar está ausente nas diretrizes. Ainda temos muito a entender e aprender a verdade nessa linha de raciocínio clínico e fisiopatológico, mas segundo Leonardo DaVinci “Perceba que tudo se conecta a tudo o mais”.

Literatura Sugerida: 

1 – Coisne A, Lancellotti P, Vannan MA. Mitral regurgitation, the left atrium and atrial fibrillation: unlikely bedfellows or natural kindreds? Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2024 Apr 30;25(5):587-588.

 

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