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BRE pós-TAVI

Olho no lance…

As discussões sobre as complicações do TAVI ainda estão muito agitadas, pois com a expansão da indicação do procedimento, lidar com suas complicações passou a ser rotineiro e o dia a dia do cardiologista clínico.

Atualmente, uma das principais complicações encontradas é a alteração da condução intraventricular após o implante da prótese. Desde quadros de simples alargamento do QRS, até bloqueios de ramos novos ou mesmo bloqueio atrioventriculares são possibilidades que devem ser conduzidas cada uma com suas características.

Algumas casuísticas apontam para uma prevalência de até 25% de surgimento de bloqueio de ramo esquerdo novo, a depender também do tipo do dispositivo que foi implantado, entre autoexpansível ou balão expansível.

Embora o impacto clínico de um novo BRE ainda é incerto, algumas publicações correlacionam essa alteração a desfechos negativos no longo prazo, com aumento de mortalidade ou necessidade de implante de marcapasso em outro momento.

Vale ressaltar que a maioria dos pacientes que implante uma TAVI e que necessite de implante de marcapasso, já apresentava, antes do TAVI indicação, caso fosse avaliado através de métodos diagnósticos como Holter-24h ou Looper.

Uma publicação de alguns anos avaliou detalhadamente o comportamento desses pacientes que saiam da sala de hemodinâmica com um bloqueio de ramo esquerdo novo.

A densidade de arritmias dessas coortes, especificamente, é bem elevada, sendo que metade deles necessitou de algum tipo de tratamento, seja clínico ou intervencionista. Bradiarritmias clinicamente significativas foram identificadas em 20% dos casos com necessidade de implante de marcapasso em metade desses.

Fibrilação atrial foi identificada em 20% dos pacientes acompanhados após o implante de TAVI, sendo necessária a mudança terapêutica antitrombótica.

Vale ressaltar que praticamente 80% dos casos era completamente assintomático, mostrando a dificuldade diagnóstica desse tipo de patologia.

Ainda vivemos uma grande discussão na literatura se o implante de marcapasso em bradicardias severas assintomáticas teria um impacto relevante na mortalidade. Aparentemente, esses pacientes apresentam maior incidência de mortalidade, mas por se tratar de um coorte específica com inúmeras comorbidades, essa correlação não fica tão clara.

Mais da metade dos casos que necessitou de implante de marcapasso, demonstrou alteração elétrica no primeiro mês após o implante, demonstrando um efeito local inflamatório relevante que nos direciona para um período mais propício para essa complicação.

Fica o recado de que pacientes que desenvolvem bloqueio de ramo esquerdo demandam observação estreita para entender a real necessidade de implante de marcapasso, embora uma parte deles possa regredir após uma observação criteriosa em ambiente de UTI e monitorização contínua. Atrasa uma possível alta, mas pode evitar o implante de um marcapasso definitivo…

Literatura Sugerida: 

1 – Rodés-Cabau J, Urena M, Nombela-Franco L, et al. Arrhythmic Burden as Determined by Ambulatory Continuous Cardiac Monitoring in Patients With New-Onset Persistent Left Bundle Branch Block Following Transcatheter Aortic Valve Replacement: The MARE Study. JACC Cardiovasc Interv. 2018 Aug 13;11(15):1495-1505.

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