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Cardiopatia Estrutural

Um “Oceano Azul” na Cardiologia

Atualmente o estudo das doenças cardíacas estruturais está em franca expansão e compreender suas características é ferramenta fundamental para o médico, principalmente cardiologista que entende ser necessário estar atualizado e preparado para manejar casos complexos.

A doença reumática é prevalente em países em desenvolvimento como o Brasil e tem suas características peculiares, sendo que já abordamos e exploramos esse assunto aqui na plataforma diversas vezes.

Outra etiologia cada vez mais importante nesse contexto é a doença degenerativa. Esse termo muitas vezes é pouco específico e abrange diversas etiologias propriamente ditas, mas traz consigo características em comum. A calcificação é, talvez, a principal causa de uma valvopatia degenerativa na atualidade e pode acometer qualquer topografia, embora suas manifestações clínicas sejam mais pronunciadas na valva aórtica.

De forma geral, vamos tratar a cardiopatia estrutural em três grandes grupos, a doença reumática, a doença congênita e a degenerativa, foco na nossa discussão hoje.

A doença degenerativa é prevalente no mundo e podemos encontrar relatos de seus impactos em qualquer país.

Estima-se que ao redor de 32 milhões de pessoas apresentam doença degenerativa ao redor do mundo com grande aumento de sua prevalência nos últimos anos, algo ao redor de 90% se observamos de forma geral as doenças. Apenas observando a doença degenerativa da valva aórtica, a estenose aórtica calcifica apresenta aumento de prevalência de 124% de 1990 até 2017.

Como era de se esperar, existe uma grande discrepância na concentração dessas doenças ao redor do mundo. Enquanto as cardiopatias reumáticas tem elevada prevalência nos centros em desenvolvimento, a etiologia degenerativa se concentra nos países mais desenvolvidos e com maior longevidade.

Costumam caminhar junto das doenças classicamente relacionadas a doença arterial coronariana, como hipertensão, dislipidemia, diabetes, tabagismo e doença renal crônica. No entanto, tem a característica peculiar de que nenhuma classe medicamentosa traz benefícios de sobrevida, diferente da doença coronariana.

Curioso citar que o envolvimento da valva mitral nesse processo parece não ser tão fortemente correlacionado a esses fatores como a valva aórtica, mas aqui cabe salientar que a degeneração mixomatosa pode ter sido a responsável por esse resultado, contaminando a interpretação adequada dessa informação.

Entre os sexos, podemos observar diferenças compatíveis com os fatores de risco associados, sendo que dentre os idosos, o número de mulheres acometidas sobe bastante, pela mesma razão da doença coronariana.

Uma das grandes limitações que existem nesse tipo de avaliação é a qualidade dos dados coletados. Não é rotina técnica a adequada notificação em países em desenvolvimento, muito menos o rastreio adequado para o preciso diagnóstico.

Isso pode interferir inclusive no cálculo de anos perdidos em casos de óbito por determinada doença, visto que a população mais jovem teoricamente estaria em países de menor desenvolvimento econômico e social.

Outro questionamento não respondido nessa grande avaliação é a gravidade do acometimento valvar. Lesões de graduações distintas apresentam impacto distinto na população e isso poderia mudar completamente a leitura das informações.

Diante de tudo isso, fica claro que o estudo das cardiopatias estruturais está em franca expansão e mais, ainda há muito a se investigar para entender e propor medidas assertivas que impactem positivamente a população como um todo! Mais uma vez podemos ver que educação é capaz de salvar vidas!

Literatura Sugerida: 

1 – Yadgir S, Johnson CO, Aboyans V, et al; Global Burden of Disease Study 2017 Nonrheumatic Valve Disease Collaborators. Global, Regional, and National Burden of Calcific Aortic Valve and Degenerative Mitral Valve Diseases, 1990-2017. Circulation. 2020 May 26;141(21):1670-1680.

 

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