Um dos fatores que tradicionalmente está relacionada a elevação do risco de complicações dentro da cardiologia é a existência de doença coronariana. Tanto é que é um dos itens fundamentais de uma avaliação pré-cirúrgica das doenças valvares.
Além de agregar risco e comorbidade, a doença coronariana, já foi fator decisivo inclusive na melhor técnica de intervenção a ser implementada, se transcateter ou convencional, mas será que essa informação ainda se mantém com elevada relevância literária?
Diante de um paciente com clara indicação de troca valvar aórtica e que preencham os requisitos para indicar TAVI, sabemos que o tratamento transcateter apresenta uma boa evolução, inclusive com menor mortalidade nos casos de elevado risco cirúrgico. Nesse contexto, uma doença multiarterial coronariana poderia indicar cirurgia combinada, deixando de lado os benefícios encontrados no TAVI?
Comparando ambas as estratégias, temos achados interessantes. Comparando desfechos duros, como mortalidade e AVC, tanto a abordagem de TAVI mais angioplastia ou cirurgia convencional e revascularização foram iguais. A diferença é que o grupo transcateter necessitou de novas abordagens coronarianas durante o acompanhamento, mas sem interferência nas curvas de mortalidade.
Vale ressaltar que, se excluirmos os primeiros 30 dias de acompanhamento, o tratamento transcateter não teria sido igual à abordagem cirúrgica, nos apontando para os seguintes dados: O tratamento cirúrgico parace ser melhor efetivo no longo prazo, mas o insulto cirúrgico pode por tudo a perder, com elevada taxa de complicações nos primeiros 30 dias.
O tratamento de doença arterial coronariana na população TAVI é controverso e apresenta dificuldades técnicas relevantes até mesmo pensando em uma abordagem futura. Sabemos que pode ser realizada a abordagem estagiada e isso seria uma vantagem até mesmo para avaliar sintomatologia, mas hastes e stent podem obstruir um futuro acesso ao óstio coronariano.
O que tiramos desses dados é a reafirmação do modelo implementado hoje na prática clínica das cardiopatias estruturais. A decisão deve ser tomada após extensa avaliação de Heart Team, em que cada detalhe é levado em consideração para a decisão mais assertiva ao paciente. Se é um caso que necessita de abordagem cirúrgica ou se pode ser feito tratamento transcateter integral, a decisão é majoritariamente clínica.