Uma das complicações mais temidas das doenças valvares é a endocardite infecciosa, devido ao fato de agregar grande morbimortalidade à patologia e necessitar, quase na totalidade dos casos de abordagem cirúrgica em algum momento de sua evolução.
Trata-se de uma síndrome infecciosa que nem sempre se apresenta de forma clássica e tem seu diagnóstico desafiador. Diante dessa morbidade agregada e manifestações clínicas controversas, a busca por métodos diagnósticos mais acurados é sempre tema de grande discussão nesse contexto.
A abordagem inicial na suspeita de endocardite infecciosa é realizada com a ecocardiografia transtorácica e comumente associada a complementação transesofágica. Embora a microbiologia seja a pedra angular do diagnóstico e tratamento, o exame de imagem é uma ferramenta indispensável para avaliar complicações e mais, figura entre os critérios diagnósticos da endocardite infecciosa.
Nesse contexto a tomografia computadorizada é indicada em casos complexos em próteses valvares e também em casos de janela acústicas inadequadas levando a diagnósticos duvidosos pela ecocardiografia.
Muito se discutes e a tomografia de coração não teria uma acurácia superior à ecocardiografia transesofágica e se deveria ser incorporada à avaliação de rotina dos pacientes com suspeita ou diagnóstico de endocardite infecciosa, mas os dados encontrados nos mostram que em valvas nativas a acurácia diagnóstica da ecocardiografia é, inclusive superior à tomografia.
Avaliações de próteses, principalmente em acometimentos para-protéticos, os dois métodos se equivalem e o mais interessante, a combinação dos métodos não apresentou elevação da sensibilidade diagnóstica.
Uma explicação para isso é a movimentação dinâmica valvar que acaba gerando artefatos durante a tomografia, reduzindo muito sua definição espacial.
Vale ressaltar que a avaliação do usuário é crucial na precisão diagnóstica, ou seja, o operador tem que ter elevada expertise no diagnóstico de cardiopatias estruturais e suas complicações para que os métodos, de fato, se equivalham.
Dessa forma, mais uma vez podemos ver que nem sempre o exame mais caro e mais atual é superior ao que encontramos na prática clínica diária. Devemos seguir as orientações vigentes de lançar mão da complementação diagnóstica com tomografia do coração apenas em casos selecionados e em serviços de elevada expertise.