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Disfunção na Insuficiência Mitral

Muito além da FEVE

Depois das publicações dos seminais trabalhos do COAPT Trial e do MITRA-FR, a discussão sobre abordagem transcateter da insuficiência mitral funcional se acirrou e algumas teorias foram colocadas à prova.

Além da avaliação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, que foi fator sim preponderante na seleção dos pacientes, surgiram outros conceitos como a proporcionalidade da regurgitação, que levaria em conta os diâmetros cavitários e o grau da regurgitação impondo sobrecarga volêmica a esse ventrículo.

No entanto, uma ferramenta já habitual em outras valvopatias como a estenose aórtica não recebeu muita atenção e poderia representar um acréscimo de informações nesses pacientes, que é o strain miocárdico.

Algumas publicações mostram que o strain miocárdico é interessante como uma ferramenta mais sensível para determinar uma possível disfunção sistólica considerada ainda subclínica, muito bem embasada por sua explicação fisiológica do método. No entanto, após o paciente desenvolver uma queda na fração de ejeção, seria o strain ainda capaz de nos dar mais informações?

Avaliando um grupo de pacientes com insuficiência mitral funcional e queda na fração de ejeção, o strain se mostrou preditor de mortalidade, independente do valor calculado da fração de ejeção.

Vale ressaltar que uma série de publicações nesses pacientes com essa valvopatia apontam para determinadas estratificações de queda na fração de ejeção com resultados melhores em casos de intervenção. Por exemplo, pacientes com FEVE menor do que 30% não costumam apresentar grandes benefícios na intervenção, enquanto aqueles perto dos 40%, em avaliações populacionais, se mostram com melhores evoluções.

Outra situação é a limitação inerente ao método do cálculo da fração de ejeção em pacientes com insuficiência mitral. Pelo fato de ser uma relação de volumes cavitários, o cálculo da fração de ejeção na presença da insuficiência mitral deve ser interpretado com cautela, sob risco de não traduzir adequadamente a função sistólica propriamente dita.

Nesses pacientes já com queda na fração de ejeção um ponto de corte para o strain miocárdico que sinalizou pior prognóstico foi 7%, trazendo um incremento na avaliação prognóstica a utilização desse método de imagem.

Esses dados foram obtidos através de uma análise retrospectiva e não foi desenhado para saber se a intervenção em determinada classe de queda no strain traria benefícios de sobrevida. O que temos é uma informação a mais de que o strain pode sim sinalizar pacientes com maior repercussão miocárdica e portanto, ajudar num possível screening mais sensível e detalhado.

Literatura Sugerida: 

1 – Namazi F, van der Bijl P, Hirasawa K, et al. Prognostic Value of Left Ventricular Global Longitudinal Strain in Patients With Secondary Mitral Regurgitation. J Am Coll Cardiol. 2020 Feb 25;75(7):750-758.

 

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