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O Método Clínico

Dor Torácica – Parte 1

 

A dor torácica não é necessariamente de origem cardiológica. No tórax existem várias estruturas, como pele, músculos, pleura, pericárdio, coração, pulmões. Então uma dor torácica pode nem sempre estar relacionada ao coração. Por exemplo, alterações da parede torácica (lesões de costela, costocondrite, herpes zoster, dor muscular), pulmonares (pneumotórax, embolia pulmonar, pneumonia) ou gastroesofágicas (doença do refluxo, úlceras pépticas, espasmo do esôfago, aerofagia, pancreatite, colecistite). 

A dor relacionada ao sistema cardiovascular pode ser basicamente de origem isquêmica, pericárdica ou aórtica e vamos discutir brevemente cada uma delas tentando correlacionar com as doenças valvares. 

 

Dor isquêmica 

 

A dor típica de origem isquêmica, também chamada de dor anginosa, é uma dor em aperto ou queimação, localizada normalmente no lado esquerdo, podendo irradiar para pescoço, ombro, mandíbula e membro superior esquerdo. 

Isso acontece porque existem receptores de dor no miocárdio, cujo nervo sensorial faz um trajeto comum com as raízes de T1 a T4, causando a dor referida nesses territórios. 

Ela surge quando há uma desproporção entre oferta e demanda de O2 no miocárdio. Como podemos ver, tanto situações que interferem na oferta, como obstruções coronarianas, como as que interferem na demanda, como hipertrofias importantes podem levar a esse quadro.

De forma prática, quando surge o desequilíbrio, temos um ambiente de hipóxia celular e acúmulo de ácido lático. Esse ácido leva a um hiperestímulo das terminações nervosas, que fazem o indivíduo manifestar a queixa de dor.

Diversas características devem ser questionadas quando a queixa do paciente é dor torácica e compõe a adequada avaliação da dor: 

 

·       localização

·       irradiação

·       caráter

·       intensidade

·       duração

·       frequência

·       fatores desencadeantes ou agravantes

·       fatores atenuantes

·       sintomas concomitantes

 

Localização: a dor típica tem localização retroesternal ou precordial. Em pacientes diabéticos e idosos pode acontecer de não existir a dor, mesmo frente a uma necrose gerada por infarto. Nesses casos, outros sintomas vão evidenciar a existência da lesão. 

Irradiação: A dor anginosa tem essa característica peculiar que, inclusive é difundida entre os leigos. Tipicamente a irradiação se dá em região anterior do pescoço e face medial do braço esquerdo, podendo ser descrita como uma sensação de formigamento. Podem existir variações atípicas da irradiação e em alguns casos o paciente não consegue caracterizar adequadamente, seja pelas características difusas da dor, seja pelo nível cultural do paciente.

Caráter ou qualidade: Nesse ponto talvez a manifestação do paciente seja mais complexa, visto não ser uma dor facilmente caracterizada. Alguns casos referem a dor como constritiva, ou em aperto, ou como queimação ou dormência. Fato é que muitos dos pacientes podem referir uma dor inespecífica, mas que incomoda claramente.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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