A inclusão de evidência ecocardiográfica de infecção endocárdica nesses critérios é a prova de que há elevada sensibilidade diagnóstica do método em avaliar a presença de vegetações e possíveis disfunções valvares. Quando incluímos a complementação transesofágica nessa avaliação, a sensibilidade diagnóstica torna-se ainda maior, aproximando-se de valores próximos a 95-100%, enquanto a avaliação transtorácica isolada chega próximo dos 65%.
Avaliações ecocardiográficas seriadas fazem a chance de um falso-negativo praticamente desaparecer.
A complementação transesofágica é mandatória em algumas situações como presença de próteses valvares, imagens subótimas ou diagnóstico não definido nas avaliações iniciais em paciente com alta probabilidade de desenvolver endocardite infecciosa. No entanto, naqueles em que apresentam janela acústica adequadas e que tenham imagem compatível com vegetação detectada em paciente com história também compatível, a complementação não necessita ser realizada nesse momento, apenas na suspeita de complicações.
Como o ecocardiograma é um método largamente disponível, de relativo baixo custo e pouco invasivo (transesofágico), muitas situações cometem o erro de efetuar rastreios ecocardiográficos de endocardite em casos de baixa probabilidade. Esse é o ponto onde a natural limitação do método pode gerar iatrogenias desnecessárias.
De forma geral, nos casos de baixa probabilidade de endocardite infecciosa, mesmo na presença de hemoculturas positivas, o paciente deve ser conduzido como bacteremia isolada e não como endocardite e o ecocardiograma não deveria ser solicitado.
O oposto também pode ser avaliado, mesmo que na prática, raramente encontramos essa situação. Em casos de altíssima probabilidade de endocardite infecciosa, o início do tratamento antimicrobiano poderia ser instituído, mesmo na ausência de disponibilidade do método. Obviamente, na suspeita de complicações, como abascessos, a complementação transesofágica é mandatória.
Uma das alterações nos critérios diagnósticos fala sobre a alteração de determinado sopro cardíaco. Para ser considerado um critério, deve ter comprovação por imagem de nova lesão ou piora de lesão preexistente. Apenas a percepção no exame físico não é suficiente.
Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.
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