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Endocardite em Congênitos

Muito a entender ainda…

A Endocardite infecciosa sempre é tema de grandes debates, mas um dos pontos mais polêmicos, sem sombra de dúvidas é a profilaxia antimicrobiana.

Enquanto no Brasil, o guideline é mais abrangente, com indicação de prescrição de antimicrobianos para pacientes considerados como de risco intermediário, os guidelines internacionais mais importantes, o americano e o europeu, recentemente publicado em congresso em Amsterdam, preconiza a utilização dessa classe medicamentosa apenas antes de determinados procedimentos em pacientes considerados de alto risco.

Outro ponto que nem sempre é profundamente analisado pelos guidelines, são pacientes com cardiopatia congênita, mas que sobrevivem mais tempo e com a atual tecnologia, podem usufruir de maior longevidade.

A razão para esse grupo de pacientes ser de maior risco para desenvolver endocardite infecciosa é multifatorial. A hemodinâmica alterada associada ao endocárdio frágil, presença de material protético devido a múltiplos procedimentos cirúrgicos e invasivos, ou a um sistema imunológico incompetente devido a síndromes associadas e doenças neonatais são fatores que interferem diretamente nessa casuística.

Observando um banco de dados dinamarquês com acompanhamento de 42 anos de pacientes portadores de cardiopatia congênita, alguns pontos foram destacados e devem fazer parte do nosso raciocínio clínico.

A carga de endocardite infecciosa nessa coorte específica é 50 vezes maior do que naqueles sem comorbidade semelhante, ressaltando maiores incidências em pacientes com tetralogia de Fallot, mal formação de cavidades, defeitos de septo atrioventricular e alterações valvares propriamente ditas.

Buscando ainda maior estratificação dentro desse grupo, indivíduos do sexo masculino, portadores de cardiopatia cianótica sem tratamento cirúrgico, portadores de doença renal crônica, prótese valvares e dispositivos implantáveis são os de maior risco dentro dessa coorte.

Ainda vale ressaltar que, além de ter maior risco de desenvolver endocardite infecciosa, pacientes portadores de cardiopatia congênita apresentam maior mortalidade, caso desenvolvam essa grave patologia, quando comparados com a população geral.

Olhando de cima, portadores de cardiopatia congênita apresentam sim maior risco, mas ainda se faz necessário entender melhor esse grupo de pacientes. Como passaremos a ver mais pacientes com essas condições em idades mais avançadas, entender melhor a localização topográfica da infecção, presença de outras comorbidades associadas, características anatômicas distorcidas e procedimentos propostos.

Se um dia chegarmos a esse ponto de estratificação, será que estaremos com a situação dominada? Que nada, ainda abriremos grandes discussões sobre métodos diagnósticos, forma de tratamento e prognóstico. Temos chão pela frente.

Literatura Sugerida: 

1 – Havers-Borgersen E, Butt JH, Østergaard L, Petersen JK, Torp-Pedersen C, Køber L, Fosbøl EL. Long-term incidence of infective endocarditis among patients with congenital heart disease. Am Heart J. 2023 May;259:9-20.

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