Endocardite Infecciosa – Parte 4
Se o examinador for atencioso e investigar, inclusive, o fundo de olho do paciente, pode encontrar, ao observar a retina, achados interessantes que também podem auxiliar no diagnóstico. São as manchas de Roth, que são causadas por lesão endotelial, aglomerados fibrinoplaquetários e depósitos de imunocomplexos, levando a lesões isquêmicas de aspecto amarelo esbranquiçado e hemorragias ao redor. As manchas de Roth não são patognomônicas de endocardite, podendo ser causadas por outras patologias infecto-inflamatórias.
Quadros embólicos sistêmicos podem evoluir com focos infecciosos metastáticos e devem ter manifestações específicas da topografia acometida.
Quadros constitucionais como mialgia, artralgias e até mesmo artrite são comuns nesses pacientes devido ao quadro infeccioso.
A disfunção renal pode ocorrer por algumas razões. Além de uma possível síndrome cardiorrenal na presença de uma insuficiência cardíaca congestiva secundária a uma valvopatia importante, podemos encontrar glomerulonefrite por depósito de imunocomplexos.
Vale ressaltar que pacientes com endocardite frequentemente usam aminoglicosídeos no tratamento e isso pode ser um insulto renal agregado a todos os eventos possíveis da doença em si, gerando, em casos mais avançados, manifestações de azotemia.
Alguns pacientes, em quadros mais arrastados podem apresentar outro tipo de manifestação imunológica, secundária a uma interação anticorpo-complemento a antígenos teciduais/infecciosos. São os depósitos de complexos imunes que podem levar a vasculites.
Por fim, os pacientes podem ter achados no exame físico compatível com insuficiência cardíaca e disfunções valvares de acordo com o acometimento. Esses achados são os mesmos que já foram extensamente discutidos nas partes anteriores e se aplicam de forma concomitante com os achados da endocardite infecciosa que abordamos nas últimas linhas.