Recentemente, acompanhamos a publicação do acompanhamento tardio dos pacientes que se submeteram ao implante de Mitraclip e tinham uma insuficiência mitral funcional, o COAPT Trial. Como comentamos naquele editorial, observar o resultado das intervenções é importante no curto prazo, mas ainda mais no longo prazo, para vermos se os benefícios iniciais se mantêm nesses pacientes.
Quando discutimos em TAVI, temos a impressão de que essa terapia já é consolidada e que não teríamos quase nada a se discutir, mas a realidade não é bem essa. No final de 2019 vimos as publicações dos trials que analisavam o uso de próteses TAVI em pacientes de baixo risco cirúrgico e os resultados de 1 ano de acompanhamento era animador, quando comparados ao da cirurgia convencional.
O EVOLUT LOW RISK foi uma dessas publicações e mostrou que o TAVI com uma prótese auto-expansível era não inferior a cirurgia convencional nos desfechos mortalidade e AVC incapacitante. Mas e após alguns anos, será que esses resultados estariam mantidos?
No congresso do ACC 2023 acompanhamos essa publicação dos resultados de 3 anos de acompanhamento desses pacientes e os achados se mantém, demonstrando bons resultados nos pacientes submetidos ao implante de próteses auto-expansíveis e com implante dos folhetos na topografia supra anular.
Comparando diretamente, temos que o desfecho combinado mortalidade e AVC incapacitante foi menor nos pacientes TAVI, quando comparado à cirurgia convencional, 7,4% vs. 10,4%, mas o p valor não chegou a ser menor do que o corte, ficando em 0,051.
Além disso, durante primeiros três anos após a intervenção, a diferença absoluta desses dados combinados permaneceu amplamente consistente. No primeiro ano, uma diferença de 1,8%, segundo ano 2,0% e terceiro ano 2,9%, mostrando que os resultados não se correlacionariam com fases precoces do procedimento apenas.
É bem verdade que os dados ainda não falam de pacientes com longos acompanhamentos e poderíamos considerar esses achados como um acompanhamento intermediário.
Os achados de mismatch foram bem menores em pacientes que implantaram a prótese TAVI e isso corrobora o que temos na literatura, principalmente sobre o fato de o desenho estrutural dessa prótese ter os folhetos supra anulares. Comparado às próteses cirúrgicas convencionais, encontramos relevância clínica, comparada às próteses TAVI sem esse implante supra anular, parece que não temos diferenças nos desfechos clínicos.
O ponto que ainda é bem desfavorável à TAVI com essa tecnologia de implante é a necessidade de marcapasso que tem suas repercussões clínicas bem conhecidas na literatura. Mesmo com a utilização do implante cada vez mais raso na via de saída ter diminuído a incidência dessa complicação, os dados das próteses balão expansíveis são as que melhor se aproximam das próteses cirúrgicas convencionais.
Embora sejam dados animadores, o acompanhamento ainda é curto e muitas das complicações não foram experimentadas nesse acompanhamento, como deterioração da prótese e o acesso aos óstios das coronárias.
Digamos bem a verdade, esses resultados eram esperados, estamos ansiosos mesmo é pelo acompanhamento tardio, 5, 10 e mais anos…