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Exame Físico das Valvopatias

Sopro da Estenose aórtica – Parte 1

 

Agora vamos partir para o detalhamento de cada sopro de acordo com as valvopatias envolvidas.

Um dos sopros mais clássicos do exame físico do paciente portador de valvopatia é o sopro da estenose aórtica que é tipicamente sistólico, mais intenso na base do coração, ou seja, foco aórtico e aórtico acessório, e em formato de diamante, ou em crescendo-decrescendo.

Essa característica da ausculta é fundamental para diferenciarmos esse sopro de diversos outros ruídos sistólicos. Isso ocorre pela característica contrátil do ventrículo esquerdo diante de uma barreira fixa que é a valva aórtica estenosada. Tem como característica se encerrar antes da segunda bulha, o que ajuda a diferenciar do sopro sistólico regurgitativo da insuficiência mitral.

Como dito anteriormente, um sopro de obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo poderia gerar um ruído muito semelhante à obstrução valvar propriamente dita e para diferenciar seria necessário lançar mão de uma manobra semiológica.

Realizando uma manobra de valsalva, que é uma expiração forçada contra as vias aéreas artificialmente obstruídas pela mão do paciente, os sopros, tanto da estenose aórtica, quanto da obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo se comportariam de formas distintas.

Transitoriamente, a manobra de Valsalva gera uma redução do retorno venoso e portanto, uma queda na pré-carga do ventrículo esquerdo, já que a pressão intratorácica está elevada, dificultando a entrada de sangue. Na presença de uma estenose aórtica, o sopro irá reduzir de intensidade, visto que menos sangue chega à cavidade ventricular e, portanto, menos sangue passa pela valva estenosada.

Na obstrução da via de saída ocorre um contexto hemodinâmico distinto. A redução da pré-carga leva a um enchimento menor do ventrículo esquerdo. Esse enchimento menor deixa a cavidade ventricular com um diâmetro menor e, portanto, com a via de saída ainda mais estenosada pelo septo hipertrofiado. Isso faz com que o sopro nesse contexto aumente de intensidade, diferindo da estenose valvar.

Assim, diante de um sopro sistólico, formato de diamante, nos focos aórtico e aórtico acessório, na realização dessa manobra simples, o examinador consegue estabelecer um diagnóstico adequado que muda completamente a propedêutica a ser seguida.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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