Próteses valvares – Parte 1
A ausculta das próteses valvares é interessante e deve chamar atenção para alguns aspectos.
Como sabemos, toda prótese valvar, por melhor que ela seja, é em algum grau estenótica. Ou seja, ela gera algum gradiente para a passagem do sangue. Se em posição mitral, algum gradiente diastólico deve ser encontrado, embora o achado semiológico de sopro nessa condição é incomum, exceto com gradientes elevados, o que não se espera em condições normais.
Já na posição aórtica, os achados auscultatórios são mais fáceis. Como o anel aórtico é menor do que o mitral, encontrar um sopro sistólico por causa da prótese é mais comum, pois não é infrequente termos próteses normofuncionantes apresentando gradientes em torno de 10-20mmHg. Esse gradiente é mais do que suficiente para gerar um sopro sistólico ejetivo em diamante.
Sopros regurgitativos são encontrados apenas em casos de disfunção de próteses, seja a disfunção central ou para protética. Mesmo que as próteses mecânicas tenham algum grau de regurgitação central considerada “fisiológica” ou normal, esse volume não é capaz de causar a impressão sonora de um sopro diastólico.
Assim, em um paciente com prótese, seja biológica ou mecânica, a presença de sopro diastólico levanta a forte possibilidade para disfunção.
De forma geral, as manobras semiológicas e seus achados são parecidos com o que foi discutido nas valvas nativas anteriormente. Basta entendermos o comportamento hemodinâmico esperado pela manobra e a lesão que está causando o sopro para acharmos a disfunção exata.