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Gênero na Insuficiência Tricúspide

Há diferença de desfechos?

Quando falamos de cardiopatia estrutural, temos em mente uma série de questões fisiopatológicas específicas de cada alteração valvar, cada uma com suas consequências hemodinâmicas. No entanto, como já abordado algumas vezes aqui no The Valve Club, temos aspectos que merecem um olhar diferente quando estratificamos esses indivíduos de acordo com o gênero.

Homens e mulheres diferem quanto a doença valvar em relação às comorbidades, fisiopatologia e progressão da doença.

Um dos achados que chamam a atenção nesse contexto é a prevalência de regurgitação tricúspide avançada, que é mais frequente no sexo feminino em quase 3 vezes.

É assunto de grande controvérsia na literatura a intervenção nos pacientes portadores de insuficiência tricúspide, visto pouca evidência de impacto positivo na sobrevida de indivíduos com lesões isoladas à direita, embora o avanço das técnicas de abordagem transcateter possam mudar esse jogo.

Um dos dados importantes que deve-se estabelecer nesse momento é que o sexo feminino não apresenta maior risco de mortalidade após uma intervenção percutânea de uma insuficiência tricúspide, contrastando com dados do EUROscore II em que mulheres apresentam maior mortalidade em casos de cirurgia convencional.

Como preditores de desfechos negativos, ao longo de pelo menos 2 anos, de forma independente, foram apontados classe funcional, função sistólica do ventrículo direito baseado no TAPSE e hipertensão arterial pulmonar, baseado no valor da pressão média.

Baseado na ideia de correção transcateter da insuficiência tricúspide, o paciente é colocado em uma situação hemodinâmica diferente, com elevação da pós-carga ventricular direita. Assim a combinação dos dados de função sistólica ventricular direita e de pressão de artéria pulmonar sinalizam a repercussão hemodinâmica final da circulação à direita.

Uma ressalva é que a medida ecocardiográfica das pressões de enchimento do lado direito pode ter limitações em sua acurácia devido a uma possível falha de coaptação da valva tricúspide, equalizando as pressões, perda de força contrátil sistólica e também uma subestimação real da pressão atrial direita. Por essas razões que a medida invasiva da pressão média obtida no momento da intervenção é mais fidedigna para estimar desfechos nesses pacientes.

Embora alguns dados sugiram haver uma diferença de cortes referenciais entre homens e mulheres quando observamos a definição de desacoplamento ventrículo-arterial à direita, os impactos clínicos não se mostraram relevantes e sua extrapolação não deve ser realizada.

O interessante dessas análises é começar a entender que determinadas especificidades podem trazer uma diferenciação de condutas no futuro. Hoje, com o que dispomos de tecnologia, isso é apenas o início de uma jornada. Se essa estrada vai nos levar a diferentes caminhos pautados pelo gênero, só muita pesquisa vai nos responder.

Literatura Sugerida: 

1 – Fortmeier V, Lachmann M, Körber MI, et al. Sex-Related Differences in Clinical Characteristics and Outcome Prediction Among Patients Undergoing Transcatheter Tricuspid Valve Intervention. JACC Cardiovasc Interv. 2023 Apr 24;16(8):909-923.

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