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Refletividade do Anel Aórtico

Mais um parâmetro preditivo…

Quando estudamos a estenose aórtica, entendemos claramente a fisiopatologia da doença. Por ter diversos mecanismos similares à doença coronariana ateroscletórica, estágios iniciais partem de alterações estruturais como as células espumosas nas paredes arteriais.

No entanto, por mais que o mecanismo fisiopatológico seja o mesmo, as consequências são diferentes, pois o desenvolvimento de placas leva a obstruções vasculares enquanto na valva aórtica, a deposição de colesterol e cálcio leva a um enrijecimento e perda de adequada mobilidade.

Os estágios iniciais do acometimento calcífico da valva aórtica é chamado de esclerose valvar e em diversas publicações foi apontado como um forte preditor de desfechos. Talvez por ter um racional semelhante a carga aterosclerótica, enxergarmos uma esclerose valvar aórtica já apontaria para uma doença sistêmica vascular e metabólica.

De forma similar, calcificações em outras topografias valvares também teriam a mesma leitura em relação ao prognóstico, embora a repercussão clínica e hemodinâmica valvar dependa muito das condições específicas de cada valva.

Também não podemos deixar de lado que uma esclerose valvar sinaliza pacientes com maior risco de desenvolver estenose aórtica importante no futuro, outra comorbidade com impacto claro na sobrevida dos indivíduos.

A ecocardiografia pode ser muito interessante nesse contexto para ajudar no diagnóstico e também na predição de eventos. A definição de esclerose valvar e de calcificação de anel mitral é clara na literatura, mas recentemente surgiu uma nova possibilidade de avaliação desses depósitos de cálcio, a refletividade do anel aórtico.

Uma avaliação do anel no nível de implante dos folhetos aórticos poderia mostrar essas hiperrefletividade que sinalizaria deposição de cálcio nessa topografia, com impacto prognóstico na predição de estenose aórtica futura.

Essa alteração ainda não é comumente aplicada na prática diária da avaliação ecocardiográfica, mas a padronização de um formato de diagnóstico poderia acrescentar uma informação relevante para o paciente. Recentemente falamos sobre a utilização de inteligência artificial analisando os parâmetros ecocardiográficos obtidos pelas imagens na predição de desfechos dos pacientes e agora estamos diante de um novo parâmetro que, automaticamente na obtenção das imagens, poderia acrescentar maior acurácia.

Interessante a corrida que vemos na melhora dos métodos diagnósticos com a elaboração de novas tecnologias, mas mais interessante ainda é entender que muitas informações podem já estar disponíveis e ainda não tenhamos condição de entender.. é aquela história, a informação pode estar ali, se não soubermos ler…

Literatura Sugerida: 

1 – Barasch E, Gottdiener JS, Tressel W, et al. The Associations of Aortic Valve Sclerosis, Aortic Annular Increased Reflectivity, and Mitral Annular Calcification with Subsequent Aortic Stenosis in Older Individuals: Findings from the Cardiovascular Health Study. J Am Soc Echocardiogr. 2023 Jan;36(1):41-49.e1.

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