A definição de insuficiência tricúspide é a falha em evitar o refluxo de sangue do interior do ventrículo direito para o átrio direito, durante a sístole ventricular. De forma fisiológica, um pequeno escape é esperado e, inclusive, é o que propicia a estimativa da pressão sistólica na artéria pulmonar, visto que através da velocidade máxima desse refluxo fisiológico, podemos utilizar a fórmula de Bernoulli modificada e estimar esse valor.
Sendo assim, para ser considerada com repercussão hemodinâmica, a insuficiência tricúspide deve ser ao menos moderada, ou seja, com orifício efetivo de refluxo maior do que 0,2cm2.
Tratamento
O tratamento da insuficiência tricúspide ainda é uma grande discussão no meio acadêmico. Se buscarmos referências de 20-30 anos atrás, veremos que essa lesão deveria ter manejo quase que exclusivamente clínico, pois era rotineiramente mencionado que a tricúspide não causava repercussão clínica, muito menos impacto na sobrevida.
Com o avançar das investigações, viu-se que esse conceito era equivocado e que isso privava diversos indivíduos de um claro benefício, tanto de sobrevida, quanto o mais importante, qualidade de vida.
Para compreendermos o tratamento, vamos separar muito bem segundo a etiologia. O acometimento primário é mais claro e deve ter a intervenção indicada assim que o indivíduo seja classificado como estágio D. A utilização de drogas nesse estágio deve servir apenas para alívio de sintomas e ponte para a intervenção definitiva.
A principal indicação aqui é a plástica valvar com implante de anel semirrígido. As vantagens desse método é que preserva mais a anatomia e evita a exposição aos riscos inerentes de uma prótese valvar.
Em caso de impossibilidade de realizar a plastia, deve-se proceder com a troca valvar com implante de biopótese, devido aos riscos trombóticos elevados do lado direito do coração. A prótese mecânica é a última opção e deve ser evitada ao máximo, pois mesmo mantendo o indivíduo dentro da faixa terapêutica de anticoagulação, a chance de eventos é elevada.
Casos de elevado risco cirúrgico e outros em fase experimental podem ter abordagem percutânea com implante de clips ou bandagens em anel, mas isso depende de intensa discussão de Heart Team e ainda está em fase inicial de desenvolvimento.
Falando da etiologia secundária, que é a mais prevalente, devemos buscar o que temos de mais robusto na literatura atualmente. Diversas publicações, inclusive grandes metanálises nos mostram que, em caso de insuficiência tricúspide funcional isolada, o acompanhamento clínico é similar a intervenção cirúrgica, ou seja, não há benefício na intervenção com as técnicas e materiais que dispomos hoje.
No caso de lesão concomitante a outra valvopatia, a abordagem deve seguir a indicação da valva do lado esquerdo. Em caso de indicação, a correção de uma insuficiência tricúspide funcional deve ser feita no mesmo tempo cirúrgico, de forma concomitante. Vale pontuar os critérios de indicação: insuficiência tricúspide moderada ou importante e/ou anel tricúspide maior ou igual a 40mm. Aqui também a indicação é de plastia com anel semirrígido.
Com o recente desenvolvimento de diversos dispositivos de tratamento transcateter, podemos ter uma mudança nesses resultados, visto serem intervenções menos agressivas e com resultados potencialmente interessantes. Hoje não temos evidência de abordagem isolada, mas talvez com desenvolvimento de anéis e clips mais eficientes essa evidência mude nos próximos anos.
Para finalizar, muito se falava sobre a hipertensão arterial pulmonar contraindicar a intervenção na valva tricúspide. A leitura que devemos ter dessa informação é diferente: a hipertensão arterial pulmonar é um marcador negativo de prognóstico, mas não um fator de contraindicação. Exceção se faz nos indivíduos com hipertensão arterial pulmonar fixa e de grau importante (> 70mmHg) com disfunção sistólica importante do ventrículo direito. Nesse ponto o timing para a intervenção já se perdeu há tempos.
Casos com hipertensão arterial pulmonar importante, mas secundárias a elevação da PD2 do ventrículo esquerdo, devem ser encorajados a intervenção, pois a solução da lesão à esquerda, geralmente resolve essa hipertensão arterial pulmonar, fazendo o ventrículo direito com a valva tricúspide plastiada lidar bem com a nova situação hemodinâmica.
Literatura Sugerida:
1 – Otto CM, Bonow RO. A Valvular Heart Disease – A companion to Braunwald’s Heart Disease. Fourth Edition, 2014.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |
Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie
As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.