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O ciclo cardíaco – Parte I

O ciclo cardíaco compreende a série de eventos que ocorrem entre o início do batimento, ou seja, a despolarização do nós sinusal (na ausência de patologias) até instantes antes de uma nova despolarização dessa estrutura excitatória.

Durante esse período, diversas situações ocorrem e podem, em caso de disfunção, levar a alterações tais que se manifestam no exame físico dos pacientes.

Direcionando nosso raciocínio para as etapas que tem mais correlação com as doenças valvares, daremos enfoque nos períodos denominados diástole e sístole.

A diástole é o momento de relaxamento muscular e enchimento cavitário e a sístole, o momento de contração e expulsão do sangue para adiante, descrito anteriormente. Durante toda essa dinâmica, as valvas cardíacas têm papel fundamental e suas manifestações devem ser compreendidas a fundo.

Aqui vale a pena ressaltarmos um aspecto interessante nessa relação entre diástole e sístole com a frequência cardíaca. Em situações em que ocorre elevação da frequência cardíaca, é de se esperar que os tempos sistólicos e diastólicos se reduzam, para que tenhamos mais ciclos cardíacos ao longo de um minuto.

No entanto, isso não acontece de forma simétrica. Ao elevar a frequência de despolarizações, o ciclo cardíaco sofre encurtamento, basicamente, no tempo diastólico, ou seja, o coração não tem tempo adequado para o relaxamento e, por consequência, de enchimento cavitário. O tempo sistólico até se reduz, mas num percentual muito menor do que o diastólico.

Esse conceito é importante, pois determinados ruídos diastólicos acabam por se tornarem verdadeiros desafios diagnósticos na presença de frequências cardíacas elevadas, o que nem sempre vemos nos ruídos sistólicos.

O mesmo pode se entender sobre as sobrecargas que ocorrem durante a diástole. Exemplo maior seria a insuficiência aórtica, que, durante a diástole tem um fluxo retrógrado patológico da Aorta para o interior do ventrículo esquerdo. Em casos de bradicardia, o tempo diastólico é longo, permitindo um retorno de maior volume. O oposto ocorre na presença de taquicardia. Com um encurtamento do tempo diastólico, o refluxo é interrompido com o início do novo ciclo e sua sístole.

Compreender esse conceito e a bradicardia na insuficiência aórtica nos ajudará a sedimentar uma manifestação semiológica na insuficiência aórtica que é a angina noturna, que discutiremos com detalhes adiante nessa obra.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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