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O Método Clínico

Dispneia – Parte 1

 

A queixa de dispneia é a queixa mais comum e também a mais importante nas valvopatias. Tanto é que ela é fundamental na classificação clínica, servindo de preditor de eventos, ao mudar o paciente de estágio C para estágio D, na vigência de uma lesão importante.

O paciente pode trazer queixas diferentes para tentar passar essa informação. Na linguagem leiga, a dispneia pode ser chamada de cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga, respiração difícil.

De forma prática, o paciente está fazendo um esforço maior para respirar, com uma sensação desagradável. A taquipnéia por si só pode causar desconforto e até pode dar um indício indireto da dispneia, pois o aumento da frequência respiratória é uma forma do organismo tentar compensar a baixa oferta de oxigênio. Outro sinal é a observação da contração da musculatura acessória da inspiração, como o esternocleidomastóideo, os músculos intercostais e as aletas nasais.

 

Dispneia de esforço 

 

A dispneia relacionada ao esforço físico é a manifestação semiológica mais clara da elevação das pressões de enchimento cavitárias. E aqui é fundamental entender a fisiopatologia das valvopatias.

Em estágios iniciais, ocorre um remodelamento, seja ele concêntrico ou excêntrico. O que diferencia ambos os caminhos é o estímulo que o causa, mas um objetivo final comum é buscado. Manter os níveis tensionais da parede ventricular, ou seja, manter os níveis pressóricos intracavitários o mais próximo possível da normalidade.

A partir do momento que esse complexo equilíbrio é rompido, quando os mecanismos compensatórios não mais conseguem dar conta, as pressões de enchimento se elevam com qualquer alteração da hemodinâmica, como por exemplo o esforço físico.

O simples fato de andar um quarteirão, por exemplo, seria capaz de elevar a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo. Isso, de forma retrógrada, é transferido para os capilares pulmonares que tem receptores de pressão. Esses receptores então enviam um comando para o sistema nervoso central para aumentar a frequência respiratória e para criar a sensação de dispneia, sendo uma forma de avisar ao indivíduo para reduzir a carga de esforço.

Como esse equilíbrio pode se descompensar em diversos níveis, podemos classificar a dispneia de acordo com o grau do esforço necessário para ela surgir. Em geral, há alguma correlação dessa manifestação com o grau da valvopatia, embora isso nem sempre seja uma verdade absoluta.

Pequenas atividades que causem essa elevação de pressão cavitária são classificadas como graus avançados de disfunção e colocam o paciente como classe funcional elevada de dispneia, por exemplo NYHA classe III-IV.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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