Esses conceitos são tão importantes para a adequada avaliação das valvopatias, que serão tratados em separado.
Compreender pré-carga e pós-carga nos faz entender as manifestações adaptativas das lesões valvares, sejam elas pressóricas ou volumétricas e também compreender o comportamento dos achados semiológicos diante de manobras que podem ser executadas à beira do leito, no dia a dia do exame físico.
A pré-carga é o conceito de tensão na parede do ventrículo exatamente no início da contração sistólica, ou seja, essa pressão tem relação direta com o volume de sangue que chega a essa cavidade. A chegada de pouco volume leva a uma pressão baixa e, portanto, uma pré-carga baixa.
Um exemplo prático sobre pré-carga é a inspiração profunda. Nesse momento, ocorre a formação de uma pressão negativa intratorácica para a entrada de ar nos pulmões. O mesmo ocorre com o sistema venoso. A queda na pressão intratorácica faz o sangue nas veias entrarem no tórax e, consequentemente no ventrículo direito. Dessa forma, dizemos que essa manobra eleva a pré-carga do ventrículo direito.
Já o conceito de pós-carga é toda a carga contra a qual o músculo ventricular exerce sua força, em outras palavras, é a força necessária para que o sangue seja ejetado do ventrículo.
Uma avaliação interessante sobre a pós-carga pode ser realizada com a ecocardiografia e nos fará entender melhor esse conceito. O cálculo da impedância ventrículo-arterial traz um dado interessante. De forma prática, esse cálculo nos mostra a pressão necessária para ejetar cada mL de sangue do ventrículo na aorta.
É um valor formado pela soma da pressão arterial sistólica com a pressão transvalvar aórtica média, dividida pelo stroke volume, ou volume sistólico. Assim, nessa equação temos o valor da pressão periférica (pressão sistólica), da possível obstrução em uma estenose aórtica (pressão transvalvar média) e o volume ejetado (stroke volume).
Assim, uma hipertensão descontrolada reflete uma resistência vascular periférica elevada e, portanto, uma pós-carga elevada do ventrículo esquerdo. Da mesma forma uma estenose aórtica, pois elevando o gradiente transvalvar médio, eleva-se o valor da impedância ventrículo-arterial.
Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.
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