Ventrículo Direito no TAVI

A estenose aórtica tem sido muito estudada desde que o TAVI se tornou uma terapêutica possível, no início dos anos 2000 e mais recentemente com a ampliação de indicações, inclusive para pacientes de baixo risco cirúrgico.

Tanto avançou o screening e melhor estratificação desses pacientes que recentemente surgiu uma classificação funcional do grau de repercussão hemodinâmica que um paciente portador de estenose aórtica poderia experimentar. Casos mais avançados teriam acometimento retrógrado das cavidades cardíacas e poderiam, inclusive, apresentar disfunção no lado direito do coração, no ventrículo direito.

O Impacto da hipertensão arterial pulmonar secundária a uma lesão do lado esquerdo já é conhecido há tempos, tendo sido muito estudada na estenose mitral reumática, mas o grau da repercussão e o valor prognóstico tem sido estudado na estenose aórtica e mais, naqueles submetidos ao tratamento transcateter com TAVI.

É sabido que uma prevalência considerável de disfunção sistólica do ventrículo direito é encontrada nos pacientes com estenose aórtica importante, mas nos casos classificados como low flow low gradient, ou estágio D2, encontramos essa prevalência ainda mais elevada.

Alguns autores ainda defendem que as repercussões do lado direito podem vir secundária à interdependência entre ventrículos esquerdo e direito e não apenas secundário à elevação das pressões de enchimento de forma retrógrada.

Dados na literatura apontam que disfunção sistólica do ventrículo direito, avaliada pela ecocardiografia transtorácica elevam o risco de morte em pacientes que se submeteram a TAVI em 2 vezes ao longo do ano. Mas como os métodos que são utilizados para avaliar a função sistólica nem sempre são padronizados e apresentam diversas limitações, muitas das publicações em valvopatias acabam negligenciando a real prevalência do acometimento à direita.

Dado interessante é que, dentro dos casos que apresentavam disfunção sistólica do ventrículo direito antes do procedimento, quase 60% deles apresentam algum grau de recuperação após o TAVI. Esses valores ficam ainda maiores quando são utilizados novos métodos mais sensíveis como o strain.

Assim, numa realidade de abordagem multimodalidade nos diagnósticos de imagem, o ventrículo direito com certeza será uma variável valiosa e com forte impacto prognóstico a ser discutida nas reuniões de Heart Team.