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Prótese Biológica – Parte II

Prótese Biológica – Parte II

O pericárdio utilizado, seja ele suíno, como na maioria das vezes ou bovino, sofre, diariamente interação com elementos plasmáticos do sangue do paciente. Isso, no longo prazo propicia a pequenas deposições de fibrina e plaquetas e microinflamações gerando deposição de cálcio. Ao longo dos anos esses processos vão se repetindo e acumulando até que o folheto se torne rígido e com mobilidade prejudicada. Podemos inclusive encontrar, em estágios avançados, folhetos tão rígidos e calcificados que se quebram, gerando regurgitação aguda e instabilidade clínica.

Ao longo de 10 anos, de forma geral, em torno de 30% das biopróteses apresentam critérios de falência, com elevação importante quando acompanhamos os pacientes por 15 anos.

A posição da bioprótese também pode influenciar nesse tempo de evolução. A posição mitral parece ter taxas de falência maiores do que a posição aórtica. Mesmo que as duas situações estejam expostas as mesmas condições plasmáticas, as pressões impostas para o fechamento podem influenciar essa diferença na evolução.

Para tentar evitar esse processo inexorável, algumas indústrias de desenvolvimento de próteses começaram a tratar o pericárdio utilizado com determinadas substâncias a fim de reduzir os riscos de formação de trombos e deposição de cálcio. O tratamento com glutaraldeído talvez tenha sido a alternativa mais utilizada e com melhor impacto nessa situação. 

Próteses que tinham uma durabilidade muito reduzida como 5-10 anos passaram a durar 15-20 anos com esse tratamento. Há, inclusive atualmente, determinados fabricantes que publicam durabilidade de 25 anos em suas biopróteses, embora isso não tenha sido visto de rotina na prática clínica diária.

Determinados aspectos relacionados a estrutura tridimensional da prótese também passaram por aperfeiçoamento, mas sem grandes impactos na durabilidade em si. Aqui o desenvolvimento foi com relação ao perfil hemodinâmico entregue pela prótese. Inicialmente, folhetos mal dimensionados e rudimentares com anéis de sutura grosseiros e de alto perfil propiciavam ao surgimento de elevados gradientes transprotéticos e áreas muito reduzidas.

Com o uso de técnicas mais delicadas no manejo, corte e sutura dos folhetos e melhorias no anel de fixação, até mesmo surgindo as chamadas próteses sem sutura com suporte de fixação bem mais delicados, as biopróteses atuais, chamadas de nova geração, apresentam gradientes e áreas efetivas muito próximas das valvas nativas.

Assim taxas de falência de bioprótese são proibitivamente elevadas em crianças e adolescentes e preocupantes em adultos na terceira e quarta década de vidas. Por outro lado, em idosos, a taxa de progressão para deterioração protética é muito reduzida.

Outros fatores também interferem nessa progressão, fora a idade. Doença renal crônica é um forte preditor, assim como disfunções do metabolismo do cálcio, hipercolesterolemia e gravidez.

Literatura Sugerida:
1 – Braunwald, Eugene. Tratado de medicina cardiovascular. 10ª ed. São Paulo: roca, 2017. v.1 e v.2. 

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