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Regurgitação Aórtica

Nas crianças…

Sempre discutimos aspectos relevantes sobre efeitos hemodinâmicos das sobrecargas que encontramos nas doenças valvares. A insuficiência aórtica é um grande exemplo disso, em que enxergamos uma grande sobrecarga de volume inicial, seguida de elevação da resistência vascular periférica, o que em última análise, eleva também a pós-carga. Assim a insuficiência aórtica acaba trazendo uma sobrecarga mista, de pressão e volume.

Em pacientes jovens, o equilíbrio hemodinâmico diante desse processo de compensação acaba por ocorrer com maior intensidade, visto que jovens desenvolvem uma grande complacência ventricular. Vale aqui ressaltar que complacência é a capacidade de uma cavidade receber volume e não elevar a pressão intracavitária e esse processo é fundamental na manutenção de um paciente como assintomático.

Em crianças talvez esse processo seja ainda mais intenso e os valores que utilizamos como referência na rotina não são testados adequadamente nessa população.

A avaliação inicial em pacientes com regurgitação aórtica é através da ecocardiografia, mas cada vez mais vemos comparações interessantes com outros métodos diagnósticos, como a ressonância de coração. Aqui a questão que acaba por limitar a difusão desse novo método é o custo e disponibilidade o que inviabiliza sua incorporação sistemática nessa investigação.

A grande maioria das publicações nesse contexto são em trabalhos com poucos pacientes e que não conseguem padronizar valores de corte para pensar em indicar alguma intervenção.

Em adultos, a avaliação da aorta abdominal pode nos mostrar um fluxo reverso diastólico o que aponta para pacientes com gravidade da regurgitação aórtica avançada, mas em crianças esse achado não se mostrou correlacionado com os achados na ressonância, muito explicado pela complacência e acomodação do volume na árvore vascular.

Já a avaliação da aorta torácica descendente se mostrou mais sensível quando a proporção da regurgitação foi maior do que 0,38 do fluxo reverso diastólico.

A análise dos volumes apresentou boa correlação entre os métodos quanto a gravidade, mas em valores absolutos, a ecocardiografia subestima os dados, exatamente como encontramos nos pacientes adultos.

O que fica é que a avaliação ecocardiográfica nessa população pode ser realizada, muito dos dados devem ser indexados para superfície corpórea e o achado dessa regurgitação na aorta torácica descendente se correlaciona fortemente com achados de insuficiência aórtica importante na ressonância de coração, podendo ser uma ferramenta interessante na população pediátrica. E ainda fica a ressonância como ferramenta coadjuvante, tendo boa indicação na discrepância entre os dados do ecocardiograma e da clínica do paciente.

Literatura Sugerida: 

1 – Ibrahim A, Borrelli N, Krupickova S, et al. Pure Aortic Regurgitation in Pediatric Patients. Am J Cardiol. 2019 Dec 1;124(11):1731-1735.

 

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