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Regurgitação Tricúspide

TricValve

A Insuficiência Tricúspide é uma disfunção valvar que, durante muito tempo foi negligenciada, mas hoje, temos a real noção dos impactos deletérios dela sobre a hemodinâmica do lado direito do coração e, principalmente, sobre a sobrevida e sintomatologia do paciente.

Especificamente nesse ponto, a qualidade de vida é impactada diretamente pela congestão venosa sistêmica ocasionada pela regurgitação. Desde sintomas menos importantes como desconforto em hipocôndrio direito e edemas de membros inferiores, a evolução pode ser desfavorável, passando por adinamia e fadiga até caquexia cardíaca.

Dessa forma esses pacientes com regurgitação valvar tricúspide deixam com que todo esse excesso de volume seja despejado no leito venoso sistêmico. Tentando evitar as repercussões dessa sobrecarga, foi desenvolvido um dispositivo duplo para implante em ambas as cavas, recriando válvulas nessas topografias. 

De forma prática, são folhetos costuradas em um stent desenhado para implante em leito venoso, no formato das veias cavas superior e inferior. Isso gera uma proteção sistêmica para a regurgitação, mas como não corrige a regurgitação em si, mantém as cavidades direitas (átrio e ventrículo direitos) lidando com essa sobrecarga volêmica. A evolução para dilatação e disfunção sistólica pode ser um fator preocupante e com desfechos negativos no longo prazo, mas que ainda não foram estudados.

Como a dinâmica do dispositivo é proteger o leito sistêmico, a dilatação atrial pode se estender à conexão com a veia cava superior, moldando essa anatomia em forma cônica. Assim, alguns casos demandam de ancoragem mais adequada nessa posição para evitar embolização tardia, criando um certo desafio técnico, mas que, com o avançar dessa modalidade de tratamento, pode ser superada até mesmo com novas versões do dispositivo.

Como se trata de dispositivo recentemente desenvolvido, a casuística mundial é muito limitada e a maioria dos estudos se limita a casos de implante compassivo. No entanto, os resultados iniciais são interessantes e apontam para uma linha de desenvolvimento promissora com melhora da sintomatologia e classe funcional já em 30 dias.

Um dos riscos desse procedimento ainda é a migração tardia da prótese, pois, mesmo sendo um leito de baixa pressão, por ser implantada em leito venoso, a força radial não é muito elevada pelo risco de ruptura. Assim, o acompanhamento ainda deve ser próximo com métodos multimodalidade.

Há uma lista imensa de dispositivos sendo desenvolvidos e aplicados nas mais diversas valvopatias. Ao compreendermos os mecanismos fisiopatológicos de cada disfunção, podemos ter insights para dispositivos que atuem em determinados aspectos. Assim, surge o TricValve, um implante bicaval de próteses valvadas.

Literatura Sugerida: Lauten A, Figulla HR, Unbehaun A, et al. Interventional Treatment of Severe Tricuspid Regurgitation: Early Clinical Experience in a Multicenter, Observational, First-in-Man Study. Circ Cardiovasc Interv. 2018 Feb;11(2):e006061.

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