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Sangramento na Estenose Aórtica

Raro, mas grave…

Sangramento é uma das grandes complicações que os cardiologistas precisam manejar em diversas situações, desde pacientes com histórico de fibrilação atrial até mesmo os portadores de doença arterial coronariana. Dentro das valvopatias, uma associação interessante é o sangramento gastrointestinal em casos de estenose aórtica importante, compondo a síndrome de Heyde.

Mas será que, observando a estenose aórtica em todas as suas manifestações e gravidades, o sangramento é de fato, uma complicação importante e com riscos ao paciente?

De forma geral, o risco de sangramento desses pacientes é relativamente baixo, com uma incidência de menos de 1% ao ano, mas fica claro que esses eventos ocorrem em sua grande maioria nos casos que fazem uso de anticoagulantes orais devido a quadros de fibrilação atrial permanente.

Dados relacionados a Síndrome de Heyde ainda são controversos e o número de indivíduos envolvidos nas publicações é baixo, o que impossibilita o entendimento mais amplo do seu real impacto.

Como era de se esperar, o tratamento intervencionista aumenta o risco de sangramentos, inerentemente ao procedimento. Em comparação a necessidade de hemotransfusão em pacientes de alto risco cirúrgico que se submeteram ao procedimento convencional, ao longo de 30 dias chega a quase 20%, já os que se submetem ao TAVI, também de alto risco, chegam a 7%.

Um ponto muito interessante é que o recrutamento de pacientes com diferentes estágios de gravidade da estenose aórtica nos mostrou dados que apontam para a gravidade como um determinante do sangramento. O risco de sangramento maior na estenose aórtica grave foi mais de 3 vezes maior do que o observado nos quadros leves.

Algumas características clínicas em diversas publicações até chegam a apontar para subgrupos que teriam uma chance maior de sangramento dentro dos pacientes com estenose aórtica, como mulheres e história de evento cerebrovascular prévio, mas ainda sem muita evidência.

O risco de sangramento maior não se mostrou aumentado em pacientes recebendo terapia antiplaquetária. Os resultados de sub-análises de grupo devem ser interpretados com cautela, mas o que vemos é que o impacto da gravidade da estenose aórtica no risco de sangramentos maiores foi restrito a pacientes com anticoagulação oral.

Algumas correntes investigativas levantam a hipótese de que, em casos de elevado risco para sangramento, poderia pensar em intervenção precoce para reduzir o risco de quebra dos fatores de von Willebrand por cisalhamento, embora não tenhamos evidências suficientes para apoiar essa possibilidade.

Em conclusão, temos ratificado novamente que os pacientes portadores de cardiopatia têm variadas incidências de sangramento e suas repercussões podem complicar muito o quadro de base do indivíduo! E o pior, tem indicação de anticoagulação? Devemos ficar ainda mais de olho.

Literatura Sugerida: 

1 – Coisne A, Aghezzaf S, Butruille L, et al. Incidence, source, and prognostic impact of major bleeding across the spectrum of aortic stenosis. Am Heart J. 2023 Aug;262:140-147. 

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