Estado da arte – Parte 1
Estenose aórtica e insuficiência cardíaca são condições desafiadoras e possuem entre si uma relação bidirecional: a insuficiência cardíaca se desenvolve em pacientes com estenose aórtica devido a combinação de aumento de pós carga e remodelamento cardíaco compensatório, enquanto pacientes com insuficiência cardíaca pré-existente podem desenvolver estenose aórtica em paralelo progressivamente.
A importância da avaliação criteriosa da repercussão estrutural causada por longos períodos de pós carga aumentada, incluindo a disfunção ventricular sistólica, em pacientes com estenose aórtica tem levantado várias discussões sobre o melhor momento de intervenção para esta valvopatia. Uma revisão recém-lançada no JACC sobre o estado da arte e avanços no tratamento dos pacientes com essas patologias descreve as peculiaridades do interplay entre essas duas condições, com dados bastante interessantes.
O passo a passo descrito na Diretriz Brasileira de Valvopatias orienta que, uma vez considerada grave, o paciente com estenose aórtica deve ser avaliado com base nos sintomas, fração de ejeção e fatores complicadores – que não deixam de ser sinais de repercussão estrutural. A despeito da ausência de sintomas, estes indicam pior prognóstico e corroboram a necessidade de antecipação da intervenção.
Como prova disso, a classificação já conhecida de Généreux, que subdivide os pacientes de acordo com o dano cardíaco estrutural da estenose aórtica em 5 estágios, mostra íntima relação com o prognóstico: a mortalidade aumenta em 45% a cada estágio do dano cardíaco, independente de escore de risco cirúrgico (STS) ou da modalidade de tratamento instituído, TAVI ou cirurgia convencional.
Após o tratamento, somente 50% dos pacientes no estágio 4 apresentam melhora do grau de dano cardíaco e 28,2% morrem 2 anos após. Também, os subtipos de estenose aórtica baixo fluxo, baixo gradiente, seja com fração de ejeção reduzida ou a forma paradoxal, apresentam sabidamente maior mortalidade comparados à forma clássica, corroborando o raciocínio de que devemos considerar a repercussão estrutural na avaliação do timing de indicação de tratamento na estenose aórtica.
Assim, o time da multimodalidade de imagem tem trabalhado intensamente no sentido de identificar fatores subclínicos de pior prognóstico, com potencial de influenciar o momento da abordagem. A presença de fibrose miocárdica mostrou correlação inversa com a melhora da função ventricular e dos sintomas após o tratamento. Na mesma linha, o strain longitudinal global (SLG) e a hipertrofia grave do ventrículo esquerdo e aumentam o risco de mortalidade em pacientes com estenose aórtica grave assintomática. Logo, o uso da ressonância nuclear magnética pode facilitar a identificação de pacientes que se beneficiariam da troca valvar antes de terem danos estruturais visíveis e provavelmente irreversíveis.
Todos esses dados fomentam o debate mais crítico atualmente: será que devemos indicar o tratamento da estenose aórtica precocemente, quando é ainda moderada, a depender do dando cardíaco estrutural que já se apresenta? Sabe-se que a estenose moderada está associada a maior risco de mortalidade comparada à lesão leve ou ausente, mas apenas discretamente menor do que lesão grave. Ainda, sabe-se que a redução da pós-carga em pacientes com insuficiência cardíaca e queda na fração de ejeção tem o potencial de aumentar o stroke volume e, consequentemente, o débito cardíaco. A resposta para essa pergunta deve sair em trials já em andamento (PROGRESS e EXPAND), na certa muito aguardados.
Literatura Sugerida:
1 – Okumus N, Abraham S, Puri R, Tang WHW. Aortic Valve Disease, Transcatheter Aortic Valve Replacement, and the Heart Failure Patient: A State-of-the-Art Review. JACC Heart Fail. 2023 Aug;11(8 Pt 2):1070-1083.
Click Valvar Academy#480 – TAVI na IC parte 1
Confira o artigo completo
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |
Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie
As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.