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Vacina para Febre Reumática

O uso da impressão 3D

A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória autoimune que acontece após uma faringoamigdalite pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (Streptococcus pyogenes).  É uma complicação não supurativa que pode acometer articulações, pele, cérebro e tem como manifestação mais grave o dano cardíaco. 

A cardiopatia reumática crônica (CRC) corresponde a uma significativa parcela das doenças cardiovasculares no mundo, afetando milhões de pessoas, principalmente em países em desenvolvimento, com sua prevalência reflexo do nível de cuidados preventivos primários. 

A origem da doença parece estar associada a uma reação cruzada de anticorpos produzidos originalmente contra produtos e estruturas dos estreptococos (principalmente proteína M), porém passam a reconhecer também as células do hospedeiro, tornando-se alvos. Nesse contexto, devido a possibilidade de trabalhar a resposta imune abriu-se campo para pesquisas com vacinas afim de prevenir o desenvolvimento e evolução da doença. 

O desenvolvimento de uma vacina para febre reumática e cardite reumática começou no início dos anos 1960. Em geral, a seleção de vacinas candidatas para qualquer patógeno é baseada em poucas características, tais como: localização subcelular da proteína alvo; capacidade de induzir respostas imunes;  nenhum mimetismo molecular entre as proteínas do tecido alvo e do hospedeiro;  conservação da proteína alvo entre todos os genomas disponíveis da espécie; e por fim possibilidade de clonagem da proteína alvo. Ainda não há vacina protetora disponível para prevenir a infecção pelo estreptococo causador da febre reumática.  Isso pode ser devido a vários fatores como: diversidade generalizada de cepas de Streptococcus pyogenes (mais de 250 tipos de emm (gene que codifica a proteína M); reatividade cruzada entre estreptococos e proteínas do hospedeiro; e falta de modelo animal relevante para estudar a patogênese da cardiopatia reumática. 

 Segundo algumas publicações as vacinas produzidas em algumas partes do mundo são protetores para determinadas cepas, não tendo funcionalidade em todas as regiões do globo. Aqui no Brasil contamos com um grupo de estudo no Instituto do Coração (Incor) que há 30 anos segue desenvolvendo uma vacina (StreptIncor), no momento passando pelo crivo dos órgãos regulatórios para iniciar  a fase de ensaios clínicos, uma vez que já foi testada em camundongos e porcos com eficácia de até 80%. 

Como já comentado as dificuldade para o desenvolvimento foram inúmeros, porém com a ajuda de programas de computador e testes in silico (testagem a partir de programas de computador) as pequisas tem avançando em um tempo menor, e sem dúvida nos próximos anos teremos uma vacina para combater esse mal que ainda assola o mundo. A própria Organização Mundial de Sáude (OMS) está aguardando a sua produção. Enquanto as doenças cardiovasculares são resposáveis por cerca de 80 milhões de DALY´s (anos de vida perdidos por morte ou incapacidade), só a febre reumática e a cardite reumática crônica juntas correspondem a 10 milhões de DALY´s com um impacto social e econômico sem precedentes. Uma vacina seria de grande valia para combater uma doença potencialmente prevenível. 

 

Agora seguem alguns apontamentos:  

  • A febre reumática é uma doença inflamatória autoimune, que depende tanto da infecção pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield quanto da predisposição individual para ocorrer, então nem todo mundo terá a doença. 
  • Os mecanismos fisiopatológicos são complexos, e levaram anos para serem entendidos. Hoje com a ajuda de inúmeras pesquisas e programas de computador o processo tem sido mais rápido, e a solução está bem mais próxima. 
  • Vale frisar que devido o impacto social e econômico que a febre reumática e cardite levam, uma vacina poderia a reduzir sobremaneira a morbimortalidade por essas doenças. 
  • Que venham os ensaios clínicos com a StreptIncor, que sem dúvida colocorá o Brasil em evidência e ajudará o mundo no combate a febre reumática e sua consequência, cardite reumática. 

 

Literatura Sugerida: Gandhi, GD et al. Towards developing a vaccine for rheumatic heart disease. Global Cardiology Science and Practice 2017:4.

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