Qual o impacto na IM primária?
A insuficiência mitral (IM) é a segunda maior causa de indicação de cirurgia valvar na Europa, e o reparo cirúrgico de valva mitral é o tratamento padrão ouro para etiologia primária. Contudo, ainda carecem dados e estudos sobre o impacto da realização de esportes, tanto competitivos quanto por lazer, após a realização desse procedimento.
Nos guidelines, a AHA limita a participação em esportes competitivos baseada em consensos de especialistas, e autorizam somente a realização de esportes classificados em IA (ex. yoga e golfe) e IIA (ex. tiro com arco e hipismo) pela classificação de Mitchell. Assim, o objetivo do estudo foi investigar o impacto da prática de esportes no risco de desenvolver complicações, como insuficiência cardíaca e FA tardia, ou degradação da valva mitral após o reparo cirúrgico da IM primária.
Para esse fim, o estudo analisou 121 pacientes entre 18 e 65 anos de idade que foram submetidos ao reparo da valva mitral por Insuficiência Mitral primária. 71% dos pacientes eram homens, a média de idade foi de 50 anos, a principal etiologia da IM foi a doença de Barlow (79%), e a técnica cirúrgica mais utilizada foi a anuloplastia mitral (94%). Os critérios de exclusão do estudo foram: cirurgia cardíaca prévia, etiologia secundária da regurgitação, outro procedimento concomitante, morte perioperatória, intervenção repetida, endocardite, morte não cardíaca e contraindicações gerais para a prática esportiva.
Dos 121 participantes do estudo, 56 (46%) participaram de esportes regularmente. A realização de esportes foi estabelecida segundo a classificação de Mitchell1, baseada nos componentes estático e dinâmico atingidos no pico durante a competição; e no escore IPAQ2 forma curta, que avalia através de 9 perguntas o tempo semanal ou METs empregados na realização de atividades em diferentes contextos da vida (trabalho, transporte, tarefas domésticas, lazer e exercício físico). A mediana de tempo foi de 3 horas por semana, a categoria IIIC de Mitchell (alto componente estático e dinâmico) foi a mais representada, com 45% dos pacientes, e no escore IPAQ, 26% foi classificado na categoria 1 (baixo nível), 40% na 2 (moderado nível) e 35% na 3 (alto nível).
O desfecho primário analisado foi composto de fibrilação atrial de início tardio no pós-operatório (>3 meses) ou falha do reparo da valva mitral, definido como regurgitação significativa recorrente (≥grau 2), estenose mitral ou sintomas e sinais de insuficiência cardíaca. O tempo médio de seguimento foi de 34 meses, e 16% dos pacientes atingiram o desfecho primário. Não foi observado correlação entre prática de esportes e desfecho (P=0.537), independente da classificação de Mitchell, quantidade de horas por semana, participação em competições ou escore IPAQ.
Os participantes fizeram acompanhamento com ecocardiograma transtorácico (TT) no pré-operatório, no pós-operatório inicial (baseline) e anualmente. Entre o pré e o pós-operatório inicial, houve uma diminuição de 6% da FEVE, e no baseline, 82% dos pacientes não apresentaram IM. Durante o acompanhamento foi identificada uma recorrência de insuficiência mitral em 22% dos pacientes, que não foi relacionada à prática esportiva (P=0.46), assim como não houve relação do score IPAQ com os parâmetros do último ecocardiograma TT quanto à FEVE, gradiente médio transmitral e IM.
Assim, os resultados do estudo sugerem que a prática de esportes, incluindo as competitivas e de alto nível, não está relacionada a desfechos desfavoráveis após o reparo da valva mitral por IM primária. Além disso, não houve impacto nos parâmetros ecocardiográficos de FEVE, recorrência de IM e gradiente médio transmitral. Apesar de uma amostra pequena proveniente de um único centro, formada majoritariamente por pacientes jovens, os resultados argumentam a favor de uma conduta mais aberta quanto à participação esportiva após cirurgia de reparo de valva mitral, e fornece dados importantes para estudos posteriores maiores.
Literatura Sugerida:
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