Cirurgia de Ross
Segundo momento?
A cirurgia de Ross é uma técnica empregada quando indivíduos jovens necessitam de correção de uma valvopatia aórtica. Ela consiste me colocar a valva pulmonar na posição aórtica e implantar uma prótese na posição pulmonar.
A vantagem é que uma valva nativa do próprio indivíduo na posição aórtica tem durabilidade longa e a prótese na posição pulmonar dura muito mais tempo do que a mesma na posição aórtica. Assim, reduz-se a necessidade de reoperação.
No entanto, essa cirurgia nos primeiros meses de vida é associada a alta morbimortalidade sendo muito discutida. Assim veio o questionamento se uma abordagem menos invasiva durante um primeiro momento e em um segundo a cirurgia de Ross em definitivo seria melhor do que tentar resolver tudo no primeiro momento.
Como quase todas as análises sobre essa técnica, invariavelmente existe a crítica de ser um procedimento muito relacionado ao treinamento do operador. Dessa forma, a maioria das publicações são de centros únicos.
Partindo desse viés e observando os resultados a longo prazo, aparentemente uma abordagem inicial com a tentativa de plastia valvar não tem impacto negativo na evolução e não impede uma reabordagem para, em idade maior, realizar a técnica de Ross.
Como vantagem, existe a chance da plastia resolver e o paciente não necessitar de uma nova abordagem. Mas como contraponto que não pode ser esquecido, uma reoperação tem seus riscos inerentes. O resultado? Centros com alta expertise tem boa evolução em ambas as situações.
Assim, aparentemente ambas as estratégias são interessantes e podem ser trazidas na discussão pré-procedimento caso a caso, mas pensando em Ross, uma coisa é mandatória: Expertise do operador na técnica proposta.
Literatura Sugerida:
1 – Buratto E, Wallace FRO, Fricke TA, et al. Ross Procedures in Children With Previous Aortic Valve Surgery. J Am Coll Cardiol. 2020 Sep 29;76(13):1564-1573.
