Epidemiologia e Patologia – Parte I
Um trabalho publicado recentemente no Global Regional and National Burden of Rheumatic Heart Disease indicou que o número de acometimento da doença ainda é alarmante. Segundo o levantamento, em torno de 33 milhões de pessoas são afetadas no mundo.
Como dito anteriormente, a febre reumática é causada pela infecção de orofaringe causada pelo Streptococcus pyogenes. Essa mesma bactéria quando acomete outra região do corpo, causa outras patologias, como a fasciíte necrotizante.
Assim, entender a epidemiologia da febre reumática é, antes de tudo, compreender a epidemiologia dessa faringoamigdalite.
Enquanto mais de ¾ das faringoamigdalites são causadas por vírus, em casos graves em crianças e adolescentes, a presença do streptococcus ocorre em até 75%. Em análises populacionais, crianças assintomáticas apresentam sorologia positiva para o contato com esse estreptococcus, visto através da dosagem da ASLO, anti-estreptolisina O. Assim, a prevalência dessa infecção é muito elevada ao redor do mundo.
Diante da infecção por esse patógeno, não tratando com antimicrobiano adequado, em torno de 3% dos indivíduos desenvolvem febre reumática. Determinadas manifestações são mais frequentes em alguns subgrupos de pacientes, mas as correlações não são claramente definidas.
Assim, regiões pobres e com limitado acesso a serviços de saúde apresentam as maiores taxas de ocorrência de febre reumática. Há clara concentração em países da África subsaariana e Ásia, mas América Latina e bolsões pobres dos países desenvolvidos também apresentam elevada prevalência.
Mesmo sendo doença muito pouco notificada, é possível entender o impacto negativo que essa patologia cause na humanidade.
Se observamos o mapa global antes da primeira guerra mundial, veremos que no transcorrer dos anos, mesmo antes da descoberta do antibiótico, o processo de decaimento dos casos teve início.
A explicação para isso vem do fato das condições de saúde e higiene se elevarem. O simples fato de terem surgidos os critérios de Jones, padronizando o diagnóstico facilitou nesse incremento social. Indivíduos diagnosticados eram isolados, limitando a transmissibilidade de cepas reumatogênicas, ajudando no processo de controle.
Literatura Sugerida:
1 – Braunwald, Eugene. Tratado de medicina cardiovascular. 10ª ed. São Paulo: roca, 2017. v.1 e v.2.
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