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Interstício na IM

Interstício na IM

Etiologia primária

Avaliar o interstício muscular dos pacientes portadores de valvopatias pode trazer uma série de informações importantes que nos falam não só do diagnóstico, mas também do prognóstico. Pacientes com estenose aórtica tiveram extensamente essa correlação estudada, com o desenvolvimento de métodos de imagem como a ressonância e seu realce tardio ou mapa T1.

Recentemente uma parte das atenções da comunidade científica se direcionou para os portadores de insuficiência mitral funcional e a avaliação do chamado extracelular desses pacientes serviu para elaborar teorias sobre o quão avançado a doença parecia estar.

Na insuficiência mitral primária, essa avaliação, inicialmente se limitava aos indivíduos que desenvolviam a síndrome do prolapso da valva mitral em sua manifestação mais temida, a arrítmica. Nesses casos, regiões de fibrose intersticial marcavam aqueles com maior prevalência de eventos graves.

E, de fato, pacientes com insuficiência mitral primária por prolapso da valva mitral, principalmente quando ambos os folhetos prolapsam, apresentam maior prevalência de substituição da matriz normal por fibrose. A região mais acometida são os segmentos adjacentes ao músculo papilar póstero-medial.

Ainda não se pode afirmar categoricamente se essa fibrose se originou por uma conformação anatômica específica associada a sobrecarga volêmica ou se é puramente uma manifestação genética pré-codificada.

Em análises populacionais, o grau da regurgitação mitral é a variável mais fortemente correlacionada a desfechos negativos, mas analisando subgrupos específicos, a fibrose intersticial aumenta o risco. Como é uma manifestação relativamente incomum na população geral, os dados estatísticos não conseguem nos provar essa correlação tão forte.

Um dado interessante é que pacientes em fases avançadas da doença e com graus maiores de dilatação ventricular apresentavam acometimento difuso do interstício e isso se correlacionava a desfechos. A sobrecarga volêmica ao longo do tempo, extrapolava os limites adaptativos e diante do flagrante desequilíbrio, miócitos entravam em apoptose e eram substituídos por colágeno. Assim, surgia a fibrose difusa, apontando para um mal prognóstico.

Vemos que ter fibrose é prejudicial e aumenta a prevalência de desfechos negativos, mas entender melhor o comportamento dessa manifestação vai ser fundamental para estratificarmos ainda mais o paciente portador de insuficiência mitral primária. Em todas as frentes da Valvopatia vemos avanços, aqui podemos vivenciar o nascimento de uma nova linha…

Literatura Sugerida: Kitkungvan D, Yang EY, El Tallawi KC, et al. Extracellular Volume in Primary Mitral Regurgitation. JACC Cardiovasc Imaging. 2020 Dec 10:S1936-878X(20)30917-7.

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